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Professor chileno contesta críticas ao novo modelo
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos principais especialistas chilenos em Previdência Social, Salvador Valdés, 46, professor da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade Católica
do Chile, contesta as críticas
feitas ao modelo privatizado
adotado no país.
Na opinião de Valdés, o novo
sistema permitiu um aumento
de cerca de 40% dos benefícios
recebidos.
(JD)
Folha - Como o sr. avalia o sistema chileno depois da privatização?
Salvador Valdés - Foi uma reforma muito bem sucedida em
termos gerais. Uma parte importante do êxito se deve, entretanto, ao mercado muito
grande de títulos da dívida indexados à inflação no Chile.
Caso contrário, o risco que os
trabalhadores teriam em seus
investimentos seria excessivo.
Folha - Há estimativas de que
até mais de 50% da força de trabalho chilena não contribui para
o sistema.
Valdés - No meu juízo isso é
equivocado. Não se pode pedir
ao sistema novo que tenha
mais cobertura que o antigo. O
antigo também não tinha muita cobertura. E a razão para isso
é que em todos os sistemas, novos e antigos, há uma parte
muito grande da força de trabalho que é informal.
Isso não depende da reforma
previdenciária. Devemos atribuir isso à pobreza, que leva
muita gente a trabalhar de forma precária e informal. Essas
pessoas podem muito facilmente não depositar recursos
para qualquer sistema de pensão. Se a economia estivesse
melhor, qualquer sistema estaria melhor. Não só o privatizado, como o de repartição antigo.
Folha - Há queixas de que os
valores dos benefícios caíram.
Valdés - Isso é falso. Há muitos dados que mostram que é o
contrário. A pensão no sistema
novo é em média 40% mais alta
que a pensão no antigo, no INP
(Instituto de Normalización
Previsional). O que acontece é
que há alguns grupos de trabalhadores, por exemplo os funcionários públicos, que seus
empregadores não contribuíram pela parte que lhe correspondia durante décadas. Então, alguns deles mudaram para o sistema novo e levaram as
contribuições que haviam feito
para o sistema anterior. Mas o
empregador colocou muito
pouco dinheiro. É um problema do sistema antigo, não do
novo, que está repercutindo
em alguns trabalhadores, principalmente do Estado.
Folha - O que poderia ser feito
para deixar o sistema melhor?
Valdés - Melhorar o sistema
de ajuda aos pensionistas pobres - o sistema de pensão
mínima traz distorções- e
também baixar as contribuições que se pagam à iniciativa
privada, que também são excessivas.
Folha - Os lucros das administradoras são muito grandes. O
governo não poderia interferir?
Valdés - São realmente muito
grandes. Mas não é fácil controlar isso. Poderia fazer um
controle de uma maneira inteligente, senão pode levar a mais
problemas.
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