|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ex-guerrilheiros
estão à frente da
campanha do PSB
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL
O comando da campanha
de Luiza Erundina (PSB) em
São Paulo ficará a cargo de
dois ex-guerrilheiros, um na
coordenação política, outro
na comunicação.
Além do jornalista Ivan
Seixas, que nos anos 60 militou no MRT (Movimento
Revolucionário Tiradentes),
Carlos Eugênio Sarmento
Coelho da Paz será o coordenador-geral da campanha
da atual deputada do PSB.
Coelho da Paz fez parte da
ALN (Ação Libertadora Nacional), criada por Carlos
Marighela, morto em 69, em
São Paulo. O ex-guerrilheiro
está na capital paulista desde
fevereiro e foi peça-chave na
negociação que resultou na
aliança do PSB com o PMDB
de Orestes Quércia.
Filiado ao PSB de Miguel
Arraes há quatro anos, Coelho da Paz, logo após abandonar o país durante a ditadura, passou dez meses exilado em Cuba e oito anos em
Paris. Na volta ao Brasil, tomou o Rio de Janeiro como
base e chegou a ter cargo no
governo de Anthony Garotinho, hoje no PMDB.
Ele, junto de Seixas, é um
dos artífices da proposta socialista de tocar uma candidatura sem a figura do "marqueteiro", já quase tradicional nas campanhas atuais.
Os dois não citam diretamente Duda Mendonça, responsável pela campanha vitoriosa de Lula em 2002, mas
são radicais ao recusar os
métodos do "ministro da comunicação" do presidente.
"Hoje há uma tendência
de os marqueteiros transformarem os candidatos em sabonete. Não vamos fazer isso com a Luiza Erundina, ela
não se encaixa nesse perfil",
afirma Coelho da Paz.
Seixas vai no mesmo diapasão. "Essa figura do marqueteiro é algo que pretendemos abolir da campanha", diz ele, que foi preso
junto com o pai, o operário
Joaquim Seixas, pelas forças
da repressão nos anos 60.
Codinome Roque, Seixas
pai acabaria morto durante a
ditadura militar (1964-1985).
Na ALN, durante os "anos
de chumbo", Coelho da Paz
era conhecido como Clemente e se envolveu em um
episódio no mínimo controverso, a morte do militante
Márcio Leite de Toledo, em
1971, em São Paulo. Ele foi
"justiçado" pelos companheiros, que temiam pela segurança da organização caso
ele fosse preso.
Texto Anterior: Eleições 2004/Marketing: Badalados, marqueteiros dão tom à disputa Próximo Texto: No Planalto - Josias de Souza: Governo abre janela de oportunidade$ às telefônicas Índice
|