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Protógenes diz ter pago ex-agente com verba da Satiagraha
Delegado da PF, responsável pela operação, afirma que atuação de Ambrósio se restringia a "analisar documentos" e não incluía escutas
Ele classificou de "mentira" a informação de que escutas ilegais tenham origem no seu trabalho ou no da equipe da operação da PF
LUCAS FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A GOIÂNIA
O delegado Protógenes Queiroz afirmou ontem que ele
mesmo pagou, com a verba da
Operação Satiagraha, pelos trabalhos de Francisco Ambrósio
do Nascimento, agente aposentado do extinto SNI (Serviço
Nacional de Informações), órgão antecessor da Abin (Agência Nacional de Inteligência).
O agente foi apontado pela
revista "IstoÉ" como o responsável pelas supostas escutas ilegais contra 18 senadores, 26 deputados, ministros do governo
e autoridades do Judiciário.
Protógenes disse que a atuação
de Ambrósio se restringiu a só
"analisar documentos", e não
acessar ou fazer escutas. Como
chefe da investigação que levou
à prisão Daniel Dantas, Naji
Nahas e Celso Pitta, o delegado
tinha verba (secreta) e autonomia para contratar serviços ou
pagar por informações.
Sem vínculo formal com a PF
ou a Abin, Ambrósio, aposentado em 1998, passou a colaborar
com a Satiagraha no início do
ano e trabalhou na sede da PF,
em Brasília. Seu trabalho acabou em 8 de julho, segundo
Protógenes, quando a operação
foi deflagrada. Segundo a Folha apurou, ele recebia R$
9.000 por mês na Satiagraha e
já havia sido contratado em outras investigações.
Afastado do inquérito, o delegado foi ontem a debate na Câmara de Goiânia e classificou
de "mentirosas" informações
de que grampos, como a interceptação de conversa entre o
presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e
o senador Demóstenes Torres
(DEM), tenham origem no seu
trabalho ou no da equipe da Satiagraha. "Isso é montagem,
uma inverdade, mentira." Ele
disse que não houve "nada ilegal" na condução da Satiagraha
e que a suspeita de interceptação ilegal foi "lançada" por um
órgão de imprensa.
"Cria-se uma interceptação,
um possível caso de interceptação clandestina envolvendo
dois importantes nomes da República. Cadê o áudio? Eu quero ouvir o áudio, quero ver o
equipamento. Eu entendo, como o presidente [Lula] foi muito feliz, ele falou: "queria que
nesse momento, por dever, o
órgão que lançou tal suspeita,
de dar o caminho". Conserve a
fonte mas dê o caminho. Dê o
caminho para a PF, para o Ministério Público e para a Justiça". A informação foi publicada
pela revista "Veja".
Assessoria de Mendes disse
que não teria o que comentar
porque Protógenes não o citou.
A editora Abril, que edita a "Veja", não se manifestou.
Colaborou VALDO CRUZ , da Sucursal de Brasília
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