|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REFORMA AGRÁRIA
Nova tabela dá mais valor a bovinos criados de forma intensiva, corrigindo distorção da anterior
Incra muda cálculo de produtividade e beneficia pecuaristas
GUILHERME BAHIA
DA REDAÇÃO
O Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária)
mudou a tabela com que mede a
produtividade da criação de gado
nas fazendas que vistoria para fins
de reforma agrária. A mudança
corrigiu uma distorção que prejudicava criadores de novilhos precoces -animais criados em sistema de engorda rápida. Com a alteração, áreas antes consideradas
improdutivas agora podem ser
consideradas produtivas.
As tabelas do Incra -tanto a
antiga quanto a nova, publicada
em abril deste ano- consideram
que, quanto mais velho o animal,
mais unidades animais ele representa. Para ser considerado produtivo, o fazendeiro deve ter um
número mínimo de unidades animais por hectare. Se ficar abaixo,
a fazenda pode ser desapropriada.
O problema é que a tabela antiga considerava só a idade do boi,
sem levar em conta a rapidez da
engorda. Assim, um novilho com
24 meses pronto para o abate valia
o mesmo que um boi com a mesma idade mas com pouco peso.
Agora, os novilhos precoces são
uma categoria à parte e valem
mais unidades animais que os
bois criados de forma extensiva.
A importância dessa mudança
pode ser vista no caso da fazenda
Estância do Céu, em São Gabriel
(RS). Ela foi desapropriada em
maio deste ano com base num
laudo de 2001 do Incra que a considerou improdutiva. Segundo
César Carvalho, advogado do
proprietário, se a vistoria fosse feita hoje, com a nova tabela, a área
seria considerada produtiva.
A desapropriação foi revogada,
por razões que nada tiveram a ver
com os índices de produtividade.
Os pecuaristas consideram a
nova tabela melhor que a anterior, mas não ideal. Reclamam
que diferenças na qualidade dos
solos não são levadas em conta e
que medir a produtividade de um
imóvel pelo número de bovinos
que há nele não é correto. Segundo documento elaborado pela Famasul (Federação da Agricultura
e Pecuária de Mato Grosso do
Sul), melhor seria medir a quantidade de carne produzida ou a renda obtida por hectare.
Fazendeiros em geral têm ressalvas quanto às avaliações do Incra. Às vezes isso gera tensão, como em 2001, com o "Vistoria Zero", no Rio Grande do Sul. A iniciativa consistia em bloquear o
acesso de técnicos do Incra às
áreas que deveriam vistoriar.
Texto Anterior: Outro lado: Bornhausen e Tartuce negam irregularidade Próximo Texto: Tensão no campo: Secretário diz que invasões são políticas Índice
|