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PODER ECONÔMICO
Aécio Neves (PSDB) foi o campeão de arrecadação no país
Eleitos nos Estados tiveram as campanhas mais caras
LUCIO VAZ
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As doações para os candidatos
aos governos estaduais declaradas à Justiça Eleitoral mostram a
influência do poder econômico
nestas eleições. Em pelo menos 19
Estados e no Distrito Federal, foram eleitos os que tiveram as
campanhas mais caras.
O campeão de arrecadação, o
governador eleito de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), por
exemplo, levantou R$ 12,4 milhões, contra apenas R$ 545 mil
do seu principal adversário, Nilmário Miranda (PT).
Na relação entre o custo da
campanha e a votação obtida, o
voto mais "caro" foi o da candidata derrotada do PT ao governo do
Amapá, Maria Dalva Figueiredo,
no valor de R$ 21,17. Nos registros
oficiais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), consta arrecadação
de R$ 2,2 milhões e apuração de
104.764 votos para Dalva.
Em segundo lugar, está o candidato eleito ao governo do Mato
Grosso, Blairo Maggi (PPS), com
"custo unitário" do voto de R$
16,79. Ele teve a terceira maior receita (R$ 10,3 milhões), sendo que
65% bancados do próprio bolso e
das empresas da família. Só em
propaganda e produções audiovisuais gastou R$ 2,5 milhões.
O custo total declarado das
campanhas para os governos estaduais chegou a R$ 186,2 milhões, mais que o dobro dos valores informados pelos seis candidatos à Presidência da República.
A soma das doações aos cargos do
Poder Executivo (federal e estaduais) foi R$ 267 milhões.
Essa cifra é ainda maior, considerando-se a possibilidade de
candidatos terem omitido parte
das contribuições recebidas, porque a Justiça Eleitoral não tem como impedir a prática do chamado
caixa dois.
O partido que mais arrecadou
na disputa aos governos estaduais
foi o PSDB, com R$ 53,6 milhões,
ou seja, 30% do total. O PT ficou
em segundo, com R$ 27,4 milhões, ou 14,7%.
Os registros do TSE também
mostram o peso político dos governadores na busca dos recursos
para as campanhas. Em 15 Estados, os candidatos apoiados pelos
governadores, ou os próprios governadores, tiveram mais recursos do que seus adversários.
Em alguns Estados houve verdadeiros massacres. O governador eleito do Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB), levantou R$ 8,6 milhões, contra R$ 598 mil de José
Airton (PT) -apenas com camisetas, o tucano gastou R$ 745 mil,
contra R$ 13,8 mil do petista. Ainda assim, o tucano venceu a eleição no segundo turno com apenas 3.047 votos de diferença.
Em Goiás, o governador Marconi Perillo gastou R$ 9,1 milhões
para garantir a sua reeleição. O senador e ex-governador Maguito
Vilela (PMDB) registrou arrecadação de R$ 815 mil.
O candidato que mais arrecadou, Aécio Neves, consumiu R$
807 mil em viagens pelo Estado e
R$ 3,3 milhões em produções audiovisuais e publicidade. O seu
adversário, o deputado Nilmáro
Miranda (PT), usou em propaganda a maior parte dos R$ 545
mil recolhidos (R$ 355 mil). Em
camisetas e bonés, o petista declarou ter gasto apenas R$ 1.320.
Mas a maior arrecadação nem
sempre assegurou a vitória. No
Piauí, o petista Wellington Dias
gastou R$ 411 mil para desbancar
o governador Hugo Napoleão
(PFL), que tentou a reeleição com
R$ 989 mil. O Comitê Financeiro
Único do PT no Piauí registrou
arrecadação de mais R$ 617 mil,
mas o TSE não informa se parte
desse dinheiro foi para a campanha de Wellington.
O Sul do país foi uma exceção à
tendência geral do país. No Rio
Grande do Sul, no Paraná e em
Santa Catarina, saíram derrotados os candidatos que tiveram as
maiores arrecadações. No Rio
Grande, o azarão Germano Rigotto (PMDB) venceu a eleição com
arrecadação de R$ 3 milhões, contra R$ 3,7 milhões do petista Tarso Genro, que tinha o apoio do
governador Olívio Dutra (PT).
Em Santa Catarina, o governador eleito Luiz Henrique da Silveira (PMDB) barrou a reeleição de
Esperidião Amin (PPB) com uma
campanha declarada de R$ 2,4
milhões. Amin registrou arrecadação de R$ 3,7 milhões.
O candidato derrotado ao governo do Rio Grande do Norte,
Fernando Freire (PPB), declarou
doações no valor de R$ 171,6 mil
na conta da sua campanha. O Comitê Financeiro Único do PPB no
Estado registrou mais R$ 1,5 milhão em contribuições, mas não
especifica se parte do dinheiro foi
para a campanha de Freire.
O TSE não tem registros de doações na conta do candidato ao governo de Roraima Ottomar Pinto
(PTB). Mas o Comitê Financeiro
Único do candidato declara doações no valor de R$ 1,2 milhão.
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