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DESGASTE PETISTA
Preocupado com um desgaste do governo, Palácio do Planalto encomendou duas pesquisas a Duda Mendonça
Inexperiência prejudicou PT, diz Genoino
DA REPORTAGEM LOCAL
A falta de conhecimento da máquina administrativa prejudicou
o PT nestes dois meses e meio de
governo, afirma o presidente nacional do partido, José Genoino.
"Quando o [José" Sarney assumiu em 1985, tinha no governo
um partido -o PFL- que conhecia a máquina do período do
regime militar. O mesmo aconteceu com o [Fernando" Collor em
1990, com o Itamar Franco em
1992 e com o Fernando Henrique
Cardoso em 1994. É natural que o
PT tenha de se ajustar à máquina,
que não conhecia até janeiro",
afirma o presidente do PT.
Genoino diz que, em outubro
do ano passado, tinha expressão
pública o argumento de que uma
vitória eleitoral do PT tornaria o
país ingovernável. "Mostramos o
quanto a direita estava enganada
neste começo de governo. O risco
Brasil caiu. O dólar se estabilizou.
Aumentamos a credibilidade externa do país", avalia.
A continuidade da ortodoxia
econômica do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan na gestão de
Antonio Palocci Filho, fortemente
criticada dentro do PT, é rebatida
por Genoino: "Estamos trocando
o pneu com o carro em movimento. Não dá para parar. Mas é preciso lembrar que este é um governo de quatro anos. Na campanha,
dissemos que iríamos fazer as
mudanças sem rupturas. É o que
estamos fazendo".
O presidente do PT afirma que o
governo tem de evitar o isolamento. "Não se pode governar na base
do confronto constantemente.
Está aí o exemplo do Rio Grande
do Sul, onde governamos confrontando e terminamos isolados.
O governo tem de agrupar", analisa o líder petista.
As críticas de parlamentares da
esquerda petista ao comportamento do governo não são levadas em conta por Genoino. "O PT
tem 92 parlamentares. Não dá para ficar respondendo a três ou
quatro. Por que esse pessoal não
reclamou durante a campanha?",
rebate o presidente da legenda.
Pesquisas qualitativas
Preocupado com o desgaste do
governo em período curto, o Palácio do Planalto já encomendou ao
publicitário Duda Mendonça
duas pesquisas qualitativas
-aquelas em que são reunidos
representantes de diversos grupos sociais para que expressem
suas opiniões a respeito de um determinado tema.
São usadas, no meio publicitário, para avaliar como mensagens
ou produtos são percebidos ou
consumidos. O resultado orientou as inserções comerciais que o
PT levou à televisão neste mês.
A pesquisa, segundo apurou a
Folha entre petistas, indicou que
haveria um descompasso entre a
rapidez de resultados que a mídia
cobra do governo e a expectativa
dos próprios eleitores. Estes teriam se mostrado mais pacientes
na espera por resultados imediatos, mas com alta expectativa de
melhoria a longo prazo.
Duda Mendonça analisou os resultados da qualitativa em reuniões com o secretário de Comunicação Estratégica, Luiz Gushiken, e depois com o próprio Lula.
Fome Zero
Os pesquisados analisaram ainda o projeto Fome Zero, principal
bandeira social do governo petista. A maioria aceitou a distribuição de alimentos prevista no projeto, mas a avaliou como uma política assistencialista.
Essa falha seria suprida, segundo os ouvidos, se o governo promover mudanças estruturais na
geração de emprego e distribuição de renda.
Por isso, a campanha publicitária do Fome Zero, a ser lançada
até o final do mês, mostrará facetas do programa pouco expostas
até aqui, como o Primeiro Emprego (contratação de jovens por empresas da iniciativa privada) e aumento do valor dos benefícios do
programa Bolsa-Escola.
Lula aparece na pesquisa como
detentor de alto grau de confiança
entre o eleitorado. De acordo com
a pesquisa qualitativa, o constante
contato físico de Lula com a população é um dos fatores que dão
confiança aos eleitores de que o
presidente estaria "preocupado
realmente" com eles.
Desde que foi eleito, Lula tem
mantido contato direto com a população, apesar das recomendações em contrário de sua equipe
de segurança.
Também mostrou-se dominante, na pesquisa, a análise de que
Lula "herdou dificuldades, mas
fará mudanças".
Apoio a Lula
Em outro levantamento, desta
vez quantitativo, foi feito pela
Brasmarket Análise e Investigação de Mercado para medir o
grau de apoio a Lula.
Ouvidas 2.637 pessoas, em todos os Estados no dia 27 de fevereiro, 85,4% disseram apoiar a
forma como Lula conduz seu governo até o momento.
Do total de entrevistados, 44,2%
disseram que o governo Lula
"tem seus acertos e seus erros,
mas é cedo para julgar; 21,7% responderam que o presidente "tem
acertado e feito o que é possível";
e 19,5% afirmaram que Lula "tem
acertado mais do que errado e enfrenta dificuldades herdadas do
governo anterior".
A rejeição ao presidente foi de
14,6%. Entre os insatisfeitos, 7,4%
responderam que o "governo tem
errado mais do que acertado", e
7,2% disseram que "o governo
Lula tem discurso novo, mas atitudes e medidas iguais às do governo anterior".
(PLÍNIO FRAGA)
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