|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Você me tirou do sufoco", diz Pitta a Nahas em grampo
Ex-prefeito agradece a investidor por entrega de dinheiro em interceptação da PF
Para polícia, Pitta recebe por meio de Nahas "recursos no mercado paralelo de moeda estrangeira'; dinheiro teria sido "desviado de prefeitura"
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Você me tirou do sufoco, me
tirou do sufoco... Obrigado."
Foi assim que o ex-prefeito de
São Paulo Celso Pitta (1997-2000) agradeceu ao investidor
Naji Nahas, que prometeu entrega de dinheiro. O diálogo está em interceptação telefônica
com autorização judicial feita
pela Polícia Federal, realizada
em 7 de novembro de 2007.
Pitta é apontado pela PF como recebedor de "recursos no
mercado paralelo de moeda estrangeira" por meio de Nahas.
"Certamente tais valores
movimentados atualmente foram desviados da Prefeitura de
São Paulo", diz a investigação.
Segundo a polícia, o dinheiro
seria movimentado pelos doleiros Lucio Bolonha Funaro e
Marco Matalon. O operador de
Bolsa Miguel Jurno Neto também é citado.
Pitta, afirma a PF, chegou a
buscar pessoalmente dinheiro
no escritório de Carmine Enrique, apontado como funcionário de Nahas.
O carro usado pelo ex-prefeito, complementa o relatório
das investigações, pertence a
Edvaldo Brito, que foi secretário de Negócios Jurídicos quando ele era prefeito e, segundo a
PF, tem seu escritório de advogacia no mesmo endereço da
Fundamental Consultoria, empresa da qual Pitta é sócio.
Em cinco de novembro de
2007, Pitta fala com Carmine,
que diz que acabara de conversar com Nahas. "Celso [Pitta]
diz que precisa cobrir seus cheques no banco", afirma o relatório da PF. Neste dia, Carmine
diz a Pitta que R$ 30 mil já foram acertados e que mais tarde
seriam repassados R$ 70 mil.
A PF afirma que, em 28 de
novembro, Carmine diz a Pitta
que "é mais para a frente" o pagamento do dinheiro que o ex-prefeito estava cobrando. Pitta
diz que "nosso amigo", identificado nesse momento com Nahas, "não costuma falhar".
Em 24 de abril deste ano,
Carmine diz a Pitta que chegaram mais 40 mil, que para a PF
seriam R$ 40 mil. Pitta, complementa o relatório da investigação, fica irritado, pois achava
que receberia R$ 80 mil.
Em 16 de abril, Pitta diz a Naji que "sua situação é desesperadora". "Naji informa que
aquele cara [Lúcio Bolonha Funaro] não tem mais nada e está
tentando uma solução com o
"velho" [Marco Ernest Matalon]", descreve a polícia.
Em 13 de maio deste ano, Pitta liga diretamente para Nahas
e pergunta se o investidor está
sabendo das "dificuldades do
pessoal". De acordo com a polícia, o ex-prefeito se refere aos
"operadores", identificados como Bolonha Funaro, Matalon e
Jurno Neto.
A PF diz que Pitta às vezes é
chamado pelos interlocutores
de "Maluquinho" e outras vezes de "Jabuticaba".
Texto Anterior: Outro lado: Petista diz que agiu em prol de fundos estatais Próximo Texto: Outro lado: "Não é crime pedir dinheiro", diz ex-prefeito Índice
|