|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para defesa, PF errou ao elaborar
lista de apreensão na casa de juiz
DA REPORTAGEM LOCAL
Três páginas do auto de apreensão de João Carlos de Rocha Mattos repetem informações do material que foi encontrado no apartamento do empresário Sérgio
Chiamarelli Jr., segundo Alberto
Toron, advogado de defesa do
juiz federal.
O item 23, listado entre as páginas 153 e 156 do auto de Rocha
Mattos, é uma cópia exata das páginas 142, 143 e 144, as quais relacionam o conteúdo de um "envelope pardo grande" apreendido
com o empresário.
É nesse envelope que a Polícia
Federal encontrou dois depósitos
(de R$ 5.000 e R$ 4.950) para o
agente federal César Herman Rodriguez. Segundo a advogada
Carla Domenico, que também
cuida da defesa de Rocha Mattos,
a prisão do juiz foi decidida depois que essa apreensão foi feita.
"Os principais motivos da prisão do Rocha Mattos são esses depósitos inexistentes", afirma Domenico. Quem fez os depósitos,
segundo a própria documentação
da PF, na interpretação da advogada, foi o empresário.
Ela não acredita em má-fé da
Polícia Federal. Acha que talvez
tenha havido um equívoco na
montagem, provocado, talvez,
pelo volume de documentos juntados nos nove volumes dos autos.
"Acho que foi aquela coisa de
copia e cola do computador. Alguém pegou o item 21 do Chiamarelli e transferi para o auto do Rocha Mattos", afirma.
O depósito até poderia ser explicado como um pagamento duplo
-tanto o juiz quanto o empresário poderiam fazer depósitos no
mesmo valor ao agente da PF, ao
se crer na hipótese de quadrilha,
de acordo com o raciocínio de
Domenico.
Mas como explicar que Rocha
Mattos mantinha em casa um
passaporte vencido (CD 739820) e
um que vence em 27 de maio de
2006 (CH 5398477), ambos em
nome de Chiamarelli Jr., idênticos
aos que foram encontrados na casa do empresário?
Rocha Mattos, ainda segundo o
auto de apreensão, também tinha
em seu apartamento na rua Maranhão um agenda colorida com a
inscrição "Le Lis" na capa, descrição idêntica à que é encontrada na
documentação da PF sobre o que
foi achado com Chiamarelli Jr.
O juiz teria também o mesmo
caderno Tilibra encontrado com
o empresário, as contas telefônicas de celulares e cópia da declaração do Imposto de Renda de
Chiamarelli Jr., de acordo com a
documentação da PF.
O restante do auto de apreensão
de Rocha Mattos é espartano. Lista duas notas de 200 euros encontradas dentro de uma caixa de
jóias e uma reportagem do site
"Consultor Jurídico" sobre Toninho da Barcelona (apelido do doleiro Antonio Oliveira Claramunt,
que manteria relações com a suposta quadrilha investigada pelo
Ministério Público Federal).
Uma folha achada na casa do
juiz diz: "Doutor João Carlos - o
valor exato da televisão é 2.530
dólares". Gravações mostram que
integrantes do grupo ganharam
TVs de tela de plasma de um chinês acusado de contrabando.
A Folha deixou recados na noite
de sexta-feira no celular de Reinaldo de Almeida Cezar, porta-voz da PF na Operação Anaconda, mas ele não ligou de volta.
Texto Anterior: Operação Anaconda: PF acha comprovantes de US$ 1,6 milhão Próximo Texto: Brasil pede à Suíça apoio a investigação Índice
|