|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OUTRO LADO
Defesa de Bellini diz que processo tem prova ilegal
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
O advogado do delegado José
Augusto Bellini, José Valdir
Martin, vai tentar invalidar, na
Justiça, as escutas telefônicas
da Polícia Federal usadas como
prova contra seu cliente.
Martin disse que não iria comentar o resultado das investigações contra Bellini porque
considera as provas ilegais. "O
Ministério Público Federal só
apresentou grampos. E mesmo
assim só transcreveu as gravações que lhe interessavam, impedindo que seja feita uma ampla defesa", disse o advogado.
Bellini e os outros oito presos
-entre eles o juiz federal João
Carlos da Rocha Mattos- já
foram citados, e o prazo para a
apresentação da defesa preliminar à Justiça vence no próximo dia 24. "A contestação dos
grampos deve embasar todas
as defesas. As escutas são picotadas, não seguem sequência
lógica", disse o advogado.
Apontado na denúncia do
Ministério Público Federal como um dos policiais civis com
"participação decisiva" para o
arquivamento do inquérito
contra Bellini, o delegado seccional de Santos, João Jorge
Guerra Cortez, não quis falar
com a reportagem. Procurado
anteontem, não respondeu aos
recados. Às 16h30, atendeu à
chamada no celular, mas disse
que não poderia falar porque
estavam em uma reunião.
Alertada pelo delegado, a assessoria da Secretaria da Segurança Pública divulgou nota na
qual Guerra se limitou a dizer
que determinou a abertura de
inquérito ao tomar conhecimento do caso, adotou todas as
providências para a apuração e
fez uma comunicação do fato à
Polícia Federal em Santos. "Todas as pessoas citadas foram
ouvidas, e o inquérito, concluído e encaminhado ao MP [Ministério Público], o qual arquivou o processo", diz a nota.
O delegado Niêmer Nunes
Júnior, também citado nos
grampos, afirmou que, ao assumir o 1º DP de São Vicente, recebeu orientação de Guerra, ao
qual é subordinado, para tratar
o caso "como prioridade".
Segundo ele, a apuração "demandava cautela extrema"
porque envolvia policiais federais e militares. Ele negou ter
conduzido a investigação de
modo a induzir o Ministério
Público a pedir o arquivamento. Admitiu ter mantido contato por telefone com César Herman Rodriguez, conforme revelam os grampos, "em razão
de ele ser parte no caso".
O promotor Luiz Claudio
Bandeira, de São Vicente, disse
que pediu arquivamento do caso à Justiça porque não havia
provas. "O promotor conclui a
partir das investigações do inquérito. Mas não havia indícios
de que ele tivesse sido conduzido", afirmou.
IPM (Inquérito Policial Militar) concluiu que o tenente da
PM Samuel Loureiro agiu dentro da lei na ação em que deteve
Bellini. Bandeira também recusou queixa contra o tenente.
Texto Anterior: Acusados agiram para abafar inquérito Próximo Texto: Defesa vai contestar legalidade de grampos Índice
|