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JOGO NACIONAL
Paulo Souto disse esperar melhor tratamento do governo Lula nas questões administrativas
Eleição deve reforçar PFL "de oposição", afirma governador
João Wainer/Folha Imagem
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O governador da Bahia, o pefelista Paulo Souto, em entrevista |
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O PFL deve sair da eleição mais
à oposição do que entrou. A afirmação não é de um líder de oposição ao governo Lula, mas do governador da Bahia, Paulo Souto.
Queixando-se do "calvário" para obtenção de financiamento na
Caixa Econômica Federal, por
exemplo, Souto diz que esperava
do governo federal "uma atitude
de maior boa vontade" nas questões administrativas para corresponder ao apoio da bancada do
PFL baiano. Ainda assim, Souto
diz que o "PFL erra na dose" ao fazer oposição sistemática. "Não
consigo. Pode ser que até alguém
faça. Eu não".
Folha - O carlismo está sendo derrotado em Salvador?
Paulo Souto - Estamos em plena
disputa. E, ainda que se tenha um
resultado desfavorável, não vejo
nenhum motivo para se falar em
derrota. Tivemos 60% dos votos
da Bahia. Ganhamos 335 dos 417
municípios. Ganhamos em muitas grandes cidades. Tomamos de
volta duas ou três grandes prefeituras que estavam com o PT. O resultado é extremamente favorável. Não há dúvida de que Salvador é politicamente importante. É
um fato que considero normal em
política e não nos desanima.
Folha - O sr. se sente reprovado?
Souto - Não é o que mostram as
pesquisas. A população tem ótima imagem do prefeito [Antônio]
Imbassay [PFL] e sabe como o Estado ajudou a transformar a cidade. A eventualidade de um resultado desfavorável é uma contingência normal, não aponta na direção de qualquer queda do poder político do nosso grupo.
Folha - Como é mais fiel ao governo do que o PDT, o PFL-BA esperava
o apoio do PT em Salvador?
Souto Nunca. Somos adversários. Vamos ser adversários.
Folha - O senador Antonio Carlos
Magalhães se incomodou com o PT.
Souto - Não quero comentar.
Folha - Nunca esperou que o PT
fosse neutro em agradecimento ao
apoio do PFL no Congresso?
Souto - O PT deveria apoiar o
PFL e não o PDT? Não tem nada a
ver. O que talvez fosse justo era esperar do governo uma atitude de
maior boa vontade nas questões
de natureza administrativa. Somos tratados entre a normalidade
e abaixo da normalidade. Nunca
pedi isso. Mas não vi em nenhum
momento tratamento que correspondesse à atitude da bancada,
que votou como governo. Nada
que correspondesse ao tratamento nas questões administrativas.
Folha - Por exemplo?
Souto - É muita coisa. O calvário
das negociações do financiamento da Caixa Econômica Federal.
Os financiamentos de saneamento só foram feitos após seis meses
de negociação. O Prodetur está
para ser assinado e, desrespeitando a uma liminar do STF, o governo federal até hoje coloca óbice à
assinatura do contrato. O primeiro é de US$ 10 milhões.
Folha - Como o PFL sai das eleições? Mais à oposição?
Souto - Essa seria uma tendência. Apesar de reconhecer que o
partido pode caminhar um pouco
mais para a oposição, de forma
nenhuma me sinto confortável
para acompanhá-lo quando ele
for contra certas questões que
considero de interesse do país.
Mesmo de oposição, não podemos fazer o que o PT fazia no passado. Não consigo. Pode ser que
até alguém faça. Eu não.
- Folha - A expectativa de que haveria saída do grupo do PFL para
outro partido...
Souto - Não tenho motivo.
Folha - Então o PFL marcha unido
na oposição?
Souto - Não sei. A figura do PFL
como partido de oposição vai
continuar. Pode ter uma configuração de oposição mais sistemática e pode ter uma na qual me sinto mais confortável, que não se
negue a discutir e a aprovar os
projetos de interesse do país.
Folha - O partido erra quando faz
oposição sistemática?
Souto Erra. Vale a retrospectiva
do PT, que agora se cerca de instrumentos para ser um partido
hegemônico. Isso pode justificar
uma posição mais sistemática. O
partido às vezes erra a dose. O
PFL não deve virar o PT do passado. O eleitorado não espera isso.
Folha - O sr. defende o lançamento de candidatura do PFL em 2006?
Souto - Se houver nomes à época... Se não, procuramos aliança.
Folha - E Cesar Maia (PFL)?
Souto - Não tenho dúvida de que
é nome que está despontando.
Folha - E Alckmin (PSDB)?
Souto - Ótimo governador, um
ótimo político. São dois políticos
que admiro, do meu gosto.
Folha - O sr. diz que apoiará projetos interessantes. A transposição
do Rio São Francisco...
Souto - Não é um projeto interessante. É lógico, do ponto de
vista técnico, econômico e ambiental? Não. Não é prioritário.
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