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BRASIL PROFUNDO
Número de mortes em confronto com índios cinta-larga sobe para 29
Mais 26 corpos de garimpeiros são encontrados em Rondônia
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PIMENTA BUENO (RO)
A Polícia Federal afirmou ontem que foram localizados mais
26 corpos de garimpeiros mortos
na terra indígena Roosevelt, em
Rondônia, de acordo com informações passadas à PF pela Funai
(Fundação Nacional do Índio).
Com isso, são 29 os garimpeiros
mortos no conflito ocorrido na
terra indígena, no dia 7, entre índios cinta-larga e garimpeiros.
Outros três corpos haviam sido
encontrados no último domingo.
Na área, os cinta-larga garimpam diamantes desde agosto numa jazida que foi explorada por
garimpeiros brancos até janeiro
do ano passado, quando foram
expulsos pela Funai.
O superintendente da PF em
Rondônia, Marcos Aurélio Moura, disse que recebeu as informação da Funai anteontem à noite e
que não sabia em que momento
os corpos haviam sido achados.
Moura estava ontem de manhã
no aeroporto de Pimenta Bueno
(515 km de Porto Velho), usado
como base pela PF. Segundo ele, a
descoberta dos corpos foi feita
por homens da Polícia Florestal
(da PM de RO), que desde a época
da expulsão dos garimpeiros em
2003 atua em conjunto com a Funai para fiscalizar a área indígena.
O presidente da Funai, Mércio
Gomes, afirmou, em Brasília, ter
recebido a informação de que foram encontrados "uns 20 corpos,
alguns em pedaços, atacados provavelmente por animais".
Gomes disse estar preocupado
agora com a possibilidade de represália dos garimpeiros, que afirmam ter sido vítimas de uma chacina promovida pelos índios numa emboscada. "Espero que a PF
faça o desarmamento dos espíritos", disse, lembrando que, no dia
10, garimpeiros agrediram e tornaram refém um índio cinta-larga
na praça de Espigão d'Oeste, cidade mais próxima à reserva.
O coordenador da Funai Walter
Blós, encarregado de evitar invasões na terra indígena, disse no último domingo que o conflito do
dia 7 foi um tiroteio entre índios e
garimpeiros, e não uma chacina.
O sindicato local dos garimpeiros divulgou após o conflito nomes e fotos de 18 desaparecidos.
Garimpeiros ouvidos pela Agência Folha dizem que, de 150 homens, só 60 voltaram à cidade
após ataque de índios na área dos
cinta-larga. O presidente do sindicato de Espigão d'Oeste, Gilton
Muniz, disse acreditar que haja
mais corpos na terra indígena.
Segundo o delegado da PF Mauro Sposito, enviado para coordenar as investigações, funcionários
da Funai que estiveram no local
disseram que os corpos estavam
mutilados. Sposito informou que
32 policiais federais já haviam
chegado até a tarde de ontem à
clareira aberta para o resgate dos
três corpos no domingo passado.
Os policiais foram de helicóptero
e se uniram a 20 funcionários da
Funai e da Polícia Florestal.
Às 18h de ontem, a PF informou
que os agentes já estavam no local
dos corpos, não haviam contado
o número de vítimas, mas começaram a abrir uma clareira maior.
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