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LAVOURA ARCAICA
Prefeitos dizem que não há trabalho escravo
Prefeituras contestam ministério
DA ENVIADA ESPECIAL AO SUL DO PARÁ
Prefeitos de quatro municípios
que estão entre as áreas de maior
incidência de trabalho escravo
-Sorriso (MT), Eduardo Magalhães (BA), Redenção e Curionópolis (PA)- contestam diagnóstico do Ministério do Trabalho.
Redenção, no sul do Pará, aparece nos processos de fiscalização
do ministério como centro de aliciamento de trabalhadores rurais
que acabam em situação análoga
à de escravos. Há informações de
que haveria de 60 a 70 empreiteiros dessa mão-de-obra na cidade.
O prefeito de Redenção, Mário
Moreira (PSDB), sustenta que
não há trabalhadores escravos em
Redenção. ""Os problemas estão
nos municípios vizinhos", afirma.
Segundo ele, como Redenção é
uma cidade pólo, as fazendas têm
seus escritórios lá.
O prefeito de Curionópolis, Sebastião Curió de Moura, sustenta
também que não há trabalhador
rural em condição de escravo no
município. ""Minha relação com
os proprietários rurais é muito
boa, nem podia ser diferente, porque há 300 mil cabeças de gado no
município. O que existe são trabalhadores sem carteira de trabalho,
mas todos são livres", afirma.
O prefeito de Sorriso, José Domingos Fraga Filho (PMDB), fala
com orgulho que as fazendas do
município possuem tecnologia de
ponta e que quase não usam mão-de-obra bruta braçal. São cerca de
5.000 tratores em atividade, para
uma população de 52 mil pessoas.
Segundo Fraga Filho, Sorriso é o
município com o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de Mato Grosso, e tem renda
per capita mensal de R$ 500.
Ao ser informado de que três
produtores de soja da cidade foram autuados em 2003, ele disse
que iria averiguar o problema.
O prefeito do município de Luiz
Eduardo Magalhães (BA), Oziel
Oliveira (PP), diz que o governo
deveria se preocupar em construir obras de infra-estrutura no
campo, em vez de ficar ""produzindo estatísticas". Foi na região
oeste da Bahia que ocorreram as
operações de fiscalização de
maior vulto em 2003, com o resgate de mais de mil trabalhadores.
Na avaliação de Oliveira, não se
poderia falar em trabalho escravo
na região. ""Os trabalhadores podem sair na hora que quiserem,
até porque não há cerca nas fazendas." Ele diz que a divulgação dada às autuações do Ministério do
Trabalho prejudicou a região
-que tem 3 milhões de hectares
de cerrado passíveis de uso para
plantio- e que muitos investidores teriam perdido o interesse.
(ELVIRA LOBATO)
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