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Pastoral ataca redução de fiscalização
DA ENVIADA ESPECIAL AO SUL DO PARÁ
O coordenador da CPT (Comissão Pastoral da Terra) de Xinguara, no sul do Pará, frei Henri
de Roziers, disse que o governo
federal deixou de apurar 47 de 70
denúncias de trabalho escravo
que chegaram ao conhecimento
da Igreja Católica entre janeiro e
junho deste ano.
Segundo o frei, a diminuição
das ações do governo é "decepcionante", tendo em vista o intenso
trabalho realizado no ano passado. Ele diz que, em 2003, houve
vontade política de enfrentar o
problema, e agilidade na apuração das denúncias. "Em relação a
este ano, há que se colocar um
ponto de interrogação", afirmou.
A principal fonte das denúncias
de trabalho escravo são fugitivos
das fazendas. Parte deles procura
diretamente a igreja, outros são
encaminhados à CPT pela Polícia
Rodoviária Federal e pelas Delegacias Regionais do Trabalho. A
CPT abriga os trabalhadores enquanto não chega a fiscalização.
Advogado e de origem francesa,
o frei é um dos mais ativos no
combate ao trabalho escravo rural
no sul do Pará, onde chegou, em
1999, para auxiliar nos processos
de assassinatos de sindicalistas
rurais na região.
Segundo levantamento da CPT,
a igreja recebeu 101 denúncias de
trabalho escravo no meio rural no
ano passado, dos quais 66 foram
fiscalizadas pelo Ministério do
Trabalho, resultando no resgate
de 1.940 trabalhadores.
Do início de janeiro a 4 de junho
deste ano, a igreja recebeu 70 denúncias, e 23 resultaram em fiscalização do ministério, com 728
pessoas libertadas. A proporção
entre denúncia e apuração foi de
33% até o início de junho, contra a
média de 65% no ano passado.
O assessor da Secretaria de Inspeção do Ministério do Trabalho,
Marcelo Campos, atribuiu a diminuição das ações à greve de dois
meses da Polícia Federal, entre os
meses de março e maio. Além disso, segundo ele, as fortes chuvas
prejudicaram o acesso dos fiscais
à região Norte, no início do ano.
Segundo o assessor, as ações foram retomadas com vigor em junho e a expectativa é que, até o final do ano, o número de fiscalizações se equipare ao de 2003.
De acordo com as estatísticas do
grupo de fiscalização móvel do
Ministério do Trabalho, que atua
no combate ao trabalho escravo, o
ano passado teve recorde de resgate de trabalhadores: 4.879, contra 2.493 registrados em 2002.
Marcelo Campos afirma que,
depois do término da greve da PF,
está havendo um investimento do
governo para a apuração das denúncias. No último mês de junho,
segundo os dados oficiais, 18 fazendas foram fiscalizadas. Houve
o resgate de 529 pessoas.
(EL)
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