|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OS ELEITOS
Número de postulantes na pequena Santiago do Sul é igual ao de vagas
Sem rivais, candidatos em cidade catarinense têm vitória garantida
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTIAGO DO SUL (SC)
Por falta de adversário, 11 políticos vão entrar em campo na
eleição de outubro com o jogo
praticamente ganho. Eles são os
únicos candidatos a prefeito e
vice e às nove vagas de vereador
de Santiago do Sul, o menor colégio eleitoral de Santa Catarina,
com apenas 1.104 eleitores.
São políticos que só precisam
de um voto para se eleger, segundo o juiz Rudson Marcos, da
zona eleitoral de Quilombo, responsável pela homologação das
candidaturas de Santiago do
Sul. Os 11 candidatos precisam
também ter seus nomes homologados pela Justiça Eleitoral. O
prazo para isso é 14 de agosto.
Essa democracia de chapa
única se repete em outras pequenas cidades, mas não a ponto de o número de candidatos a
vereador ser igual ao de vagas.
Com 1.696 habitantes e a 629
km a oeste de Florianópolis,
Santiago do Sul teve, na verdade, um processo de escolha.
Segundo o candidato a prefeito, Agacir Gluzezak (PP), 43, os
partidos de sua coligação promoveram sete reuniões prévias,
com 250 participantes no total,
para chegar à chapa de consenso. "Nossa comunidade é pequena e, sem a disputa, podemos ganhar tempo e apoio dos
moradores para resolver os problemas do município. Pretendemos, ainda neste mês, apresentar um plano de governo", disse
ele, que terá um vice do PMDB.
Dos vereadores, são dois candidatos do PP, dois do PMDB,
dois do PFL, dois do PT e um do
PDT. Desses, só os dois pefelistas são candidatos à reeleição.
A vereadora Dulce Comachio
(PP), 65, disse que resolveu não
tentar novo mandato por "estar
cansada da política". Para ela, a
chapa única evita desavenças e
permite mais agilidade ao próximo governo. "Santiago não
comporta disputas políticas."
Para a candidata petista Ides
Casanova Nievinski, 53, o antagonismo no cenário nacional
entre PT e PSDB e PFL não se
aplica à realidade do município.
"Temos divergências políticas,
claro, mas, em busca de melhorias para a cidade, superamos isso e saímos com chapa única."
Poucos moradores reclamam
da falta de disputa no município, onde não há sinais de campanha, como faixas e santinhos.
O comerciante Ari Antônio Bertoldo, 41, é um deles. "Não sei
até agora quais são as propostas
dos candidatos. Continuando
assim, anularei meus voto."
Mas a opinião mais comum é
a de Leoclides Macari, 67, funcionário de um clube local.
"Sem os questionamentos e a
disputa que acontece normalmente entre os candidatos na
época das eleições, os moradores de Santiago do Sul ganham
em harmonia e entendimento."
Os eleitos ganharão R$ 4.900
(prefeito) e R$ 770 (vereador).
Além de Santiago do Sul, em
ao menos nove municípios, todos com menos de 15 mil eleitores, a eleição de 2004 terá só um
candidato a prefeito. Num deles,
Mato Queimado (RS), há um
acordo entre os dez candidatos
às nove vagas da Câmara, o que,
na prática, deixa a eleição sem
perdedor. Haverá rodízio a cada
quatro meses para o suplente
também assumir uma vaga.
Texto Anterior: Eleições 2004 / Outros estados: PT, PSDB e PFL fazem em Minas pacto de não-agressão a Lula Próximo Texto: Eleições 2004 / Patrimônio: Vereador atribui aumento de bens a pensão de perseguido Índice
|