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ELEIÇÕES 2004 / PATRIMÔNIO
Pedro Porfírio declarou maior patrimônio entre 35 vereadores; no geral, crescimento foi de 70%
Vereador atribui aumento de bens a pensão de perseguido
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
O vereador Pedro Porfírio
(PDT), 71, que declarou o maior
patrimônio entre os 35 dos 42 vereadores cariocas que já tiveram a
declaração deste ano disponibilizada pelo TRE (Tribunal Regional
Eleitoral) do Rio, explicou o aumento de seus bens em parte pela
pensão que passou a receber, a
partir de 1999, por ter sido perseguido durante a ditadura militar.
Porfírio declarou ao TRE-RJ ter,
em conjunto com a mulher, bens
no valor de R$ 1.428.750,46. Ele
diz que, desse valor, ainda paga
R$ 332 mil em prestações. Em
2000, sua declaração indicava o
valor de R$ 443.144,42, o que representa aumento nominal (sem
correção inflacionária) de 192%.
A inflação de julho de 2000 a junho deste ano foi de 40,62%, segundo o IPCA, o índice oficial.
Em relação a 2000, é possível
comparar a evolução patrimonial
de 32 dos 35 vereadores cujos dados deste ano foram disponibilizados pelo TRE-RJ. O patrimônio
total deles passou de R$ 6,2 milhões para R$ 10,5 milhões, aumento nominal de 69,83%, acima
também da inflação do período.
A lei obriga todos os políticos a
dizerem o que têm quando disputam eleição. O fato de não estarem
disponíveis os dados para o cálculo da evolução patrimonial de alguns dos vereadores ocorre porque há políticos que preferem listar os bens que possuem, mas não
atribuem valores ao patrimônio.
Alguns dos ocupantes da Câmara do Rio começaram a acumular
patrimônio na profissão de vereador, como Carlos Bolsonaro (PP)
e Paulo Mello (PMDB). Em 2000,
ao se candidatarem ao cargo, declararam não ter bens. Hoje, Bolsonaro diz ter R$ 184.603,40. Mello declarou possuir R$ 70.488,00.
Cada vereador do Rio tem salário mensal de R$ 7.155 e mais R$
1.195 de tíquetes-combustível. Os
vereadores também podem contratar 20 pessoas por gabinete
(custo mensal de R$ 71,8 mil).
No caso de Porfírio, foi aceito
em 1999 pelo governo federal pedido de pensão dele por ter sido
prejudicado pelo regime militar
no exercício do jornalismo. Naquele ano, recebeu R$ 209.224,20,
valor retroativo de cinco anos.
A partir de 1999, passou a ganhar uma pensão mensal, além da
pensão de servidor municipal e
do salário de vereador. No ano
passado, recebeu R$ 58.384,38 do
governo federal, o que dá uma
média de R$ 4.491 mensais.
Porfírio é jornalista desde 1961
e, em 1969, quando era diretor de
redação do jornal "Tribuna da
Imprensa", ficou um ano e meio
preso por causa da acusação de
participação na luta armada.
Segundo o vereador, o regime
militar o acusou de participar de
roubos a bancos feitos pela organização de esquerda MR-8. Ele
nega e diz que só era simpatizante
do grupo, tendo abrigado militantes em seu apartamento. Porfírio afirma que, após sair da prisão, em 1970, teve dificuldade para trabalhar em redações por estar
numa "lista negra" da ditadura.
Sobre o crescimento de seu patrimônio, diz que é compatível
com sua renda. "Declarei todos os
meus bens e os da minha esposa.
Nos últimos cinco anos, tivemos
rendimento de R$ 1.374.849,93,
que é perfeitamente compatível
com os bens declarados ao TRE."
Dos 42 vereadores cariocas, 40
tentam a reeleição. Alguns destes
declararam patrimônio menor do
que em 2000. São os casos de Argemiro Pimentel (PFL), Eliomar
Coelho (PT), Ivan Moreira (PFL),
Patrícia Amorim (PFL), Romualdo Boaventura (PFL) e Sami Jorge
(PDT).
(FERNANDO RODRIGUES, SÉRGIO RANGEL E ANTÔNIO GOIS)
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