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ELEIÇÕES 2008 / POLÍTICAS PÚBLICAS
Propostas para o trânsito ignoram explosão da frota
Candidatos falam em expandir metrô e corredores de ônibus e rejeitam pedágio urbano e alterações no rodízio de carros
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As propostas dos líderes na
disputa pela prefeitura no setor
de transportes e trânsito ignoram o principal e mais urgente
problema da área: a explosão
no número de veículos que entra a cada dia nas ruas. Marta
Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) têm projetos de investimentos em infra-estrutura, como a extensão das redes
de metrô e corredores de ônibus, mas não apontam medidas
concretas para lidar com o
crescimento cada vez mais acelerado das frotas de carros, motos, caminhões e ônibus. É exatamente para enfrentar esse tipo de problema que medidas
impopulares podem ser adotadas, como a criação do pedágio
urbano e a extensão de datas e
horários do rodízio de veículos.
Luís Antônio Seraphim, do
Instituto de Engenharia e especialista em trânsito e transporte, os candidatos mostram falta
de criatividade para enfrentar o
problema da explosão da frota.
"O políticos precisam inovar
para lidar com o problema a
curto prazo", disse.
Segundo o Datafolha nos dias
3 e 4 de julho, 77% dos paulistanos avaliaram como ruim ou
péssima a gestão do trânsito
pela Prefeitura de São Paulo.
Nos últimos seis meses, o número médio de emplacamentos realizados pelo Detran (Departamento Estadual de Trânsito) para a capital foi de cerca
de 40 mil veículos. Se o cenário
não se alterar, quando os primeiros corredores de ônibus e
linhas de metrô prometidos ficarem prontos, em 2010, quase
um milhão de novos veículos já
estarão circulando.
A Folha enviou perguntas
aos candidatos sobre a área de
transportes e trânsito e as respostas dos quatro líderes nas
pesquisas de intenção de voto
não indicam a adoção de medidas para enfrentar a expansão
da frota a curto e a médio prazo. Eles porém afirmam com
clareza que não pretendem implantar o pedágio urbano ou incluir novas data e horários no
rodízio municipal.
Marta diz que investirá na
expansão do metrô, "acrescentando mais 63 km à atual malha metroviária da cidade", e
vai "construir mais 279 km de
corredores de ônibus".
Porém, quanto a medidas para melhorar a mobilidade nas
vias da cidade, a primeira colocada no Datafolha, é vaga em
suas propostas para o próximo
mandato. A afirmação de que
"no campo operacional, a CET
voltará a atuar de forma integrada com a SPTrans, para garantir a fluidez do trânsito e do
transporte coletivo" é a que
mais se aproxima da questão da
circulação de carros nas respostas enviadas pela petista.
Alckmin também mostra ter
planos bem detalhados para o
transporte público, indicando
que pretende investir na expansão das linhas 2, 5 e 6 do
metrô e na construção de mais
corredores de ônibus -ele diz
querer terminar principalmente as obras do Expresso Tiradentes (ex-Fura Fila).
Porém, em relação aos carros, o tucano limita-se a dizer
que vai "organizar o transporte
coletivo, para dar rapidez e
conforto aos passageiros, estimulando os motoristas a deixarem os automóveis em casa".
Apesar de não fugir à regra
de enfatizar a necessidade de
investimentos no metrô e em
corredores de ônibus, Paulo
Maluf (PP) aponta uma megaobra como uma das soluções para melhorar o trânsito. Maluf
promete criar autopistas sobre
lajes a serem construídas sobre
as marginais Pinheiros e Tietê.
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) foi o único a enviar à
Folha uma proposta restritiva
em relação aos carros. "Um
ponto a ser trabalhado é a questão do estacionamento. Fizemos um piloto na rua Bela Cintra, retirando uma faixa de estacionamento e liberando o
tráfego de veículos. Isso aumentou em 30% a fluidez", diz.
Kassab retirou na semana
passada a impopular adoção de
pedágio urbano em um projeto
enviado à Câmara Municipal.
3 HORAS
DE ÔNIBUS
A monitora Sueli
Santos, 36, leva três
horas para sair da
zona sul e chegar ao
trabalho de ônibus-
ela passa uma hora só
esperando no ponto.
3 HORAS
DE CARRO
O corretor de seguros
Thiago Sanchez, 23,
transformou o carro
dele em uma mini-academia, com pesos e
aparelhos. "Invisto as
três horas para ir do
Tatuapé ao meu
trabalho, na zona sul,
em saúde", disse.
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