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Na Argentina, corte atinge benefícios
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
A crise que tem atingido boa
parte das embaixadas brasileiras
no exterior chegou também à Argentina. O corte de custos ainda
não provocou redução de gastos
com energia, telefone ou combustível, mas afetou diretamente o
bolso dos diplomatas.
Segundo a Folha apurou, há
atrasos na verba destinada para o
auxílio-moradia, uma ajuda que
os funcionário que trabalham para o governo brasileiro em outros
países recebem para custear parte
dos gastos com aluguel.
Essa ajuda é calculada sobre um
percentual do salário e varia de
função para função. O salário inicial de um funcionário da diplomacia brasileira é de aproximadamente R$ 4.500. Há diplomatas
que não recebem a ajuda há mais
de dois meses.
O reembolso para ajudar nas
despesas com aluguel é importante porque em alguns países esses
gastos consomem boa parte dos
salários. Por isso, há casos em que
o governo brasileiro teria de custear até 100% da moradia.
Na Argentina, antes da desvalorização do peso, em janeiro de
2002, a maioria dos aluguéis era
cobrada em dólares. Em alguns
casos, principalmente dos funcionários que tinham contratos mais
longos e assinados antes da crise,
a cobrança continua sendo em
moeda norte-americana.
No ano passado, por conta da
crise e do temor de que a desvalorização da moeda levasse a uma
nova hiperinflação, muitos negociaram os preços de aluguéis para
passar a pagar em pesos.
Mas, em muitos casos, o valor
embutia uma expectativa da inflação alta. Isso aconteceu principalmente em bairros nobres, como
Palermo e Recoleta.
Viagens
Os funcionários também têm tido problemas para receber reembolsos de viagens ao exterior. O
mecanismo normal seria haver
um desembolso antecipado para
ajudar a custear as despesas. Mas
o que tem acontecido é justamente o contrário: os diplomatas tiram do próprio bolso o dinheiro
para pagar hotel e os gastos com
alimentação e transporte. Na volta, preparam uma prestação de
contas para receber o reembolso
que, em alguns casos, chega com
até dois meses de atraso.
"Sei de gente que teve o cartão
de crédito bloqueado por conta
de problemas como esse", diz um
funcionário. "É uma situação delicada, pois nos expõe e até prejudica o trabalho. Temos de ficar
preocupados se o cartão vai estourar, se o dólar que se tem no
bolso vai dar e claro que isso tira a
atenção para o que realmente deveria ser a prioridade da viagem."
Procurada pela Folha, a embaixada do Brasil em Buenos Aires
preferiu não comentar o caso.
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