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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

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CONSENSO MÍNIMO

Movimento PT e Campo Majoritário atacam pontos das reformas propostas pelo governo federal

"Governistas" se opõem à proposta de cobrança de inativos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Mesmo dentro do Campo Majoritário, grupo formado por deputados que compõem as tendências mais alinhadas ao governo, pontos polêmicos das reformas encontram resistência.
É o caso, por exemplo, da cobrança de contribuição de servidores inativos. Entre os deputados dessa tendência ouvidos na pesquisa, 45% são contra e apenas 10% são a favor.
O ministro Ricardo Berzoini (Previdência) já declarou a intenção do governo de tributar os inativos, mas a proposta ainda encontra resistência por contrariar uma das principais bases de apoio petista: o funcionalismo público.
O PL-9 (projeto de lei complementar nš 9) também é rejeitado pelos petistas que formam a tropa de choque do governo na Câmara. Apesar de o Planalto já ter descartado o projeto, a essência da proposta seguirá valendo. Dos 31 deputados do chamado Campo Majoritário ouvidos, 71% são contra as propostas do PL-9, embora entre eles a maioria esteja aberta à discussão do tema.
Também na tendência Movimento PT, há oposição a pontos das reformas. Recém-criado, o grupo é considerado de centro. Propõe-se a atuar como elo de união entre radicais e governistas.
Foram ouvidos nove deputados dessa tendência. Entre eles, 67% se disseram contrários à cobrança de contribuição de inativos e à autonomia do Banco Central, enquanto 56% se disseram contrários ao PL-9.
No Movimento PT está o maior percentual de deputados favoráveis à transformação da CPMF em imposto permanente (78%). Também é a maior nota média dada ao governo Lula -8,9. A nota varia pouco de uma tendência para outra. A média mais baixa é dada pela esquerda do PT: 8.
"É uma boa nota diante do abacaxi que o governo pegou", afirmou a deputada Fátima Bezerra (RN), que é do Movimento PT e deu 8 para o governo.
A pesquisa ouviu 20 deputados da esquerda do PT. Desses, 90% são contrários à autonomia do Banco Central e ao PL-9; 75% são contra a cobrança de contribuição de inativos; e 50% são favoráveis à CPMF permanente.
Nesse campo está o líder da bancada, Nelson Pellegrino (BA). Pertence à radical Força Socialista, que possui apenas três deputados na Câmara.
Contrário à tributação de inativos, ao PL-9 e à autonomia do BC, o deputado quer se encontrar com Lula para tentar demovê-lo da intenção de propor a contribuição aos inativos.
Apesar de elogiar a condução econômica, diplomática e social do governo, ele deu nota 8 à administração Lula, menor do que a média: "Se me perguntassem que nota eu daria aos oito anos do FHC, eu daria 4, que é o valor que eles levaram o dólar a ter".
Entre os independentes, 67% são contra a contribuição de inativos, 62% são contra a autonomia do BC, 43% são contra o PL-9 e 43% são favoráveis à CPMF permanente.


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