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ORÇAMENTO PETISTA
Gastos com propaganda atingiram 25%, contra menos de 8% em investimento em saneamento e rodovias
Lula gasta mais em publicidade que em obras
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Antes mesmo de concluir a disputada licitação de R$ 150 milhões para cuidar de sua imagem,
o governo Lula gastou mais rapidamente até aqui em publicidade
institucional do que com investimentos, que incluem obras de saneamento, manutenção e construção de rodovias e infra-estrutura básica em assentamentos.
Do dinheiro disponível depois
do corte de verbas do Orçamento,
a publicidade institucional consumiu quase 25%. Os investimentos
da União no mesmo período, até
o último dia 4, não chegaram a 8%
do total disponível. Considerando
as despesas autorizadas pela lei
orçamentária para este ano, foram gastos 13,53% na publicidade
contra 2,23% dos investimentos
no mesmo período.
A maior parte da verba ficou
com a Propeg, agência de publicidade baiana, por conta de um
contrato remanescente do governo Fernando Henrique Cardoso.
Supervisionada por Duda Mendonça, marqueteiro da campanha
de Lula, a Propeg produziu a campanha da reforma da Previdência.
Com o mote "Vamos desatar esse nó", a campanha foi veiculada
no final de abril até ser suspensa
em 13 de maio, por decisão da 5ª
Vara Federal de Curitiba (PR). A
liminar foi cassada em 10 de julho
pelo STJ (Superior Tribunal de
Justiça), mas o governo ainda não
decidiu se vai colocá-la novamente no ar. Uma definição é esperada para os próximos dias.
A verba da publicidade institucional também bancou a divulgação do esboço do PPA, o plano
com investimentos para o período de 2004 a 2007, a ser enviado
ao Congresso no fim de agosto e
por meio do qual o governo pretende pôr em prática a chamada
"fase dois" da economia. Foi usada ainda no lançamento do programa Primeiro Emprego, com
estímulo à contratação de jovens.
Além da publicidade institucional (R$ 15 milhões), o governo
Lula gastou outros R$ 24 milhões
com campanhas de utilidade pública, como a de combate à Aids.
Os números estão registrados no
Siafi -sistema informatizado de
gastos federais, alimentado com
informações do Tesouro Nacional- e disponíveis para consulta
em um banco de dados do site da
Câmara (www.camara.gov.br).
Não estão incluídos os pagamentos de contas pendentes de anos
passados -os "restos a pagar".
Ritmo lento
Os investimentos continuam
em ritmo lento, segundo os dados
da execução do Orçamento até o
início do mês. O brutal corte de
72% dos investimentos determinado em fevereiro para atender à
meta de superávit primário (economia para pagamento de juros)
recorde de 4,25% do Produto Interno Bruto permitiria investimentos seis vezes maiores, no mínimo, no período.
No Ministério do Desenvolvimento Agrário, pasta com o pior
desempenho, a falta de investimentos prejudica, principalmente, obras de infra-estrutura básica
em assentamentos rurais. No dos
Transportes, a lentidão atinge novas obras em estradas e ferrovias,
como a conservação emergencial
e a restauração das federais.
Em volume de dinheiro, o ministério que mais investiu nos primeiros seis meses de governo Lula foi o da Defesa: R$ 108 milhões,
o que corresponde a menos de 7%
do total da lei orçamentária para a
pasta. Aí, o gasto mais pesado foi
com equipamentos do sistema de
vigilância da Amazônia, o Sivam.
Dos R$ 69 milhões destinados
ao saneamento básico em cidades
pelo Fundo de Erradicação e
Combate à Pobreza, nenhum centavo foi liberado até o início do
mês. Embora ações de assistência
à criança e ao adolescente tenham
consumido o maior volume de dinheiro, não foram gastos em seis
meses nem 40% do total autorizado pelo Orçamento.
(MARTA SALOMON)
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