|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Marqueteiros cresceram ligados a governos
João Santana, de Marta, foi sócio de Duda Mendonça; González, de Kassab, tem contratos com o governo paulista e a prefeitura
Lucas Pacheco, que atua agora para Geraldo Alckmin, desde 1985 faz campanhas do senador e ex-governador tucano Tasso Jereissati (CE)
DA REPORTAGEM LOCAL
Os marqueteiros que a partir
de agora controlam as rédeas
dos programas televisivos das
campanhas dos principais candidatos à Prefeitura de São
Paulo neste ano têm vínculos
com governos e políticos desde
a década passada.
João Santana, publicitário da
candidata Marta Suplicy (PT),
cresceu em sociedade com o
marqueteiro Duda Mendonça,
aliado contratado de Paulo Maluf (PP). Em 2005, Duda admitiu, no escândalo do mensalão,
ter remetido dinheiro de caixa
dois para as Bahamas.
O PT declarou que Santana
vai receber R$ 6 milhões pela
campanha de Marta. Para reeleger o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, de quem hoje é
consultor informal, Santana
declarou ter recebido R$ 13,75
milhões em 2006.
Alckmin
O publicitário Lucas Pacheco, que atua para Geraldo Alckmin (PSDB), desde 1985 faz as
campanhas do senador e ex-governador do Ceará Tasso Jereissati (PSDB) e atuou na
agência de publicidade Agnelo
Pacheco, cujo dono é seu irmão.
A Agnelo foi contratada em
2001 pela Prefeitura de São
Paulo, na gestão Marta, e hoje
detém contratos com os ministérios da Saúde e do Turismo.
Pacheco trabalhou com o deputado Ciro Gomes, hoje no
PSB, e com o senador Fernando
Collor (PTB), quando o ex-presidente disputou o governo de
Alagoas em 2002. No Rio, fez a
campanha de Sérgio Cabral
(PMDB) à prefeitura em 1996.
Kassab
Marqueteiro de campanha
de Gilberto Kassab (DEM), o
publicitário Luiz Zinger González, da agência Lua Branca,
detém contratos de publicidade com o governo do Estado e
com a Prefeitura de São Paulo.
No ano eleitoral de 2008, a
agência contará com um bolo
de R$ 34,6 milhões do governo
estadual para adquirir espaço
de propaganda nos meios de
comunicação. Esse é o valor
previsto no contrato assinado
em março.
Nos anos anteriores, a média
anual havia sido de R$ 29 milhões. A maior parte desses recursos é destinada aos meios de
comunicação, que remuneram
a agência a partir do valor repassado pelo governo.
A Prefeitura de São Paulo
destinou R$ 51 milhões à agência do marqueteiro de Kassab
entre fevereiro de 2007 e junho
deste ano.
O contrato original assinado
em 2005 entre o governo estadual e a agência de González
previa gastos de R$ 25 milhões.
Entre 2005 e 2008, contudo, os
repasses atingiram R$ 88 milhões, segundo levantamento
feito pela liderança do PT na
Assembléia Legislativa. O sistema de gastos do governo estadual não é aberto ao público e
aos jornalistas, ao contrário do
Siafi, o sistema de acompanhamento de gastos da União -por
isso, é preciso recorrer ao trabalho da assessoria técnica das
bancadas da Assembléia.
O primeiro contrato com o
governo foi assinado em julho
de 2005. Previa R$ 25 milhões
por 12 meses (válido até julho
de 2006), mas foi prorrogado. O
novo contrato, assinado em
março de 2008, prevê R$ 34,6
milhões. Mas por um prazo
50% menor, seis meses.
Parecer do conselheiro do
TCE (Tribunal de Contas do
Estado) Edgard Camargo Rodrigues, de 25 de junho passado, sobre as contas do governador José Serra (PSDB) no ano
de 2007 apontou: "Os gastos de
propaganda/publicidade significaram R$ 90,659 milhões, ou
acréscimo bastante significativo de 76,51% frente ao exercício anterior (R$ 51,3 milhões)",
escreveu o conselheiro.
O conselheiro deu parecer favorável à aprovação das contas
do governador, "com as apontadas advertências e recomendações constantes do corpo
deste relatório".
González recebeu a reportagem em sua agência, mas não
quis gravar uma entrevista.
Mais tarde, por e-mail, disse
que a Folha se valia de "premissas erradas" e "contas erradas". Ele se recusou a aceitar
que a Lua Branca seja a destinatária dos recursos públicos
-nos sistemas de acompanhamento de gastos de prefeituras,
Estados e União, o beneficiado
é a agência de publicidade, que
se encarrega então de fazer os
pagamentos aos meios de comunicação. Alegou que os gastos com publicidade do governo Serra "não cresceram" entre
2005 e 2008, entendimento
contrário ao do conselheiro do
TCE (leia texto ao lado).
Conselheiro consultivo da
Fundação Mario Covas, González também foi sócio-fundador da GW Comunicação e da
GW Brasília, que detiveram
boa parte das verbas publicitárias dos governos do PSDB, nacional e estadual, desde os anos
90.
(RANIER BRAGON, RUBENS VALENTE E JOSÉ ALBERTO BOMBIG)
Texto Anterior: Comentário: Início do horário eleitoral de SP tem novas e velhas bizarrices Próximo Texto: Contrato com Estado é legal, diz González Índice
|