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A empresários, Lula reforça cumprimento de contratos
XICO SÁ
FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, reafirmou ontem de manhã, em encontro com empresários, sindicalistas e representantes de entidades civis, que a sua eventual gestão respeitará os contratos e vai
promover mudança com segurança e responsabilidade -bordão que tem sido usado contra o
petista pela propaganda de José
Serra (PSDB), seu adversário.
O encontro comandado por Lula, que reuniu 90 participantes, foi
um ensaio, segundo dirigentes do
partido, do que será, se ele for eleito, o seu Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, grupo
que reunirá, segundo planos do
PT, de grandes banqueiros a representantes dos movimentos sociais, como sindicatos e MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra).
"Sabemos que a atual crise nos
mercados financeiros pode ser
superada sem quebra de contratos e sem surpresas como as já sofridas pela população com o confisco e a sangria de suas poupanças", disse Lula, que leu o discurso
"União pelo Brasil", uma espécie
de versão para o segundo turno
da "Carta ao Povo Brasileiro", documento divulgado em junho,
que teve o objetivo de "acalmar o
mercado" ao prometer que o PT
não romperia os contratos já firmados pelo governo brasileiro.
Embora Lula tenha advertido
várias vezes que ainda não estava
eleito, o texto do petista, segundo
observaram empresários, tinha o
espírito de "discurso de posse".
A uma semana da eleição e com
boa parte do PIB brasileiro na platéia do auditório de um hotel paulistano, o partido queria mostrar,
segundo apurou a Folha com dirigentes petistas, que a eleição já
está encerrada, sem chances de
uma virada de Serra.
De improviso, antes do discurso, Lula chamou a atenção para a
divisão de responsabilidade em
um eventual governo seu: "É um
fardo muito pesado para um partido carregar sozinho".
No documento, reforçou o conceito. "Trabalhamos por uma inédita reunião de forças sociais capaz de produzir os melhores remédios para a crise. A idéia chave
do meu governo será: se todos ganham, é o Brasil que ganha".
Lula, frisou, porém, que o conselho não será um fórum deliberativo ("já existe o Parlamento"),
mas de discussão de propostas.
O petista provocou Serra ao dizer que nunca viu tanta gente disposta a dar soluções para o Brasil.
"Só o meu adversário não quer
dar uma contribuição, mas ninguém quer ser unanimidade".
Apesar do clima de vitória, Lula
afirmou que não há a possibilidade de anunciar nomes de sua
equipe agora. "Pedem-me os nomes dos meus ministros e do presidente do Banco Central. Desculpem-me, mas não posso, nem
vou, anunciá-los antes dos resultados das urnas. Seria um enorme
desrespeito ao eleitor."
Sobre a composição da equipe,
disse que deverá mesclar quadros
do PT com técnicos e políticos de
fora do partido. "Saberemos buscar os nomes no PT, mas também
em todas as forças políticas que
querem um Brasil decente."
Os participantes do encontro
defenderam a idéia de que tantos
interesses envolvidos levarão
tempo para serem conciliados,
unificando o discurso de que,
num governo Lula, as mudanças
não poderão ser imediatas.
"É preciso o entendimento de
todos de que não dá para fazer
milagre no dia seguinte. As demandas da sociedade são muito
grandes, mas não podem [ser resolvidas" do dia para a noite", declarou o presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado
do RJ), Eduardo Gouvêa Vieira,
que após o encontro se reuniu por
dez minutos a sós com Lula.
Apoios eleitoreiros
Após participar de reunião que
anunciou o apoio do PV a Lula,
realizada no mesmo local do encontro principal de ontem, o presidente nacional do PT, José Dirceu, condenou a estratégia de candidatos que, apesar de adversários dos petistas, tentam colar sua
candidatura à de Lula.
"Li que o [Joaquim" Roriz [candidato do PMDB ao governo do
DF" está começando a fazer uma
campanha Lula-Roriz, o que não
combina. Esses apoios não são de
verdade, são eleitoreiros. Na verdade, há uma debandada geral da
candidatura Serra em todo o
país", disse Dirceu, que também
citou a candidata do PSDB ao governo do MS, Marisa Serrano.
O dirigente petista defendeu a
postura dos que criticaram a atriz
Regina Duarte por ela declarar
que tem medo de um governo Lula. "Não existe nenhum patrulhamento ideológico. O que existe é
divergência e debate político.
Quem fala o que quer ouve o que
não quer", afirmou.
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