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Telecomunicação vive impasse
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Analistas do setor de telecomunicações afirmam que o modelo
está esgotado.
"Hoje, investir em telecomunicações no Brasil não é um bom
negócio", afirma Ernesto Flores,
da consultoria McKinsey. "O retorno é de aproximadamente 1%
ao ano. Falta muito para o que seria ideal, algo entre 16% e 18%. Foi
um modelo de sucesso, mas não é
mais sustentável."
Apesar do aumento de mais de
85% no preço da assinatura residencial desde a privatização, a
avaliação de Flores é que um dos
fatores para a baixa rentabilidade
são as tarifas. "São baixas, em geral. Em dólar, a assinatura está em
aproximadamente US$ 10, o que é
pouco." Além das tarifas, o modelo obrigou a pesados investimentos em universalização. Além disso, há a questão da inadimplência.
Para Flores, é preciso aumentar
as tarifas do consumidor e reestruturar as tarifas de interconexão
(que as empresas pagam entre si).
"As operadoras de longa distância
estão sendo prejudicadas. É preciso aumentar o bolo e dividi-lo
melhor entre as empresas."
Dario Dal Piaz, vice-presidente
para a América Latina do Yankee
Group, faz análise semelhante. "O
modelo está esgotado", afirma.
"Faltou tomar o pulso do mercado ao longo do tempo. Agora, será necessário uma grande reforma, e o governo vai precisar flexibilizar o máximo possível."
Dal Pia afirma que é preciso
permitir as fusões e aquisições antes mesmo de julho de 2003 (prazo legal previsto), flexibilizar a
prestação de serviços e as obrigações contratuais.
Em relação às tarifas, o analista
afirma que as empresas fizeram
investimentos em dólar e precisam ter remuneração de capital
equivalente. "O reajuste das tarifas deveria ser automático, mas há
uma negociação com a Anatel que
não deveria existir."
No diagnóstico de Dal Piaz, no
momento em que se pensou o
modelo se previa crescimento do
país a taxas de 4,5% ao ano, o que
não ocorreu. Hoje, há 10 milhões
de linhas de telefone fixo ociosas.
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