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BASTIDORES
Integrantes da campanha citam ex-governador Fleury como responsável por programa de segurança; assessoria nega
Apoio a Ciro vai de ruralista a ex-comunista
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Filiado ao PDS no início de sua
carreira pública e hoje autoproclamando-se um candidato de
centro-esquerda, o presidenciável
Ciro Gomes (PPS) tem sua trajetória política refletida em uma
equipe de campanha que reúne
de ruralistas a ex-comunistas.
Principal colaborador na formulação do programa de agricultura do candidato, o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB) é
o fundador da bancada ruralista
na Câmara dos Deputados e um
dos encarregados das propostas
de reforma agrária e de meio-ambiente de Ciro.
Empresário agrícola, citricultor,
pecuarista e um dos principais líderes de seu grupo de parlamentares, no ano passado chocou ativistas de direitos humanos ao declarar que ""bandido bom é bandido preso e bandido ruim, bandido
no cemitério".
Envolvido em um projeto que,
como ele mesmo diz, pretende
""agregar valor aos produtos agrícolas", o deputado avalia que o fato de ser um ruralista não trará
constrangimentos a Ciro.
""Não vejo problema nenhum
nisso. Não somos nem de esquerda, nem de direita. Somos nacionalistas. Temos ruralistas até do
PT", explica ele.
Fleury Filho
Também é citado como um dos
integrantes da equipe do presidenciável o deputado federal Luiz
Antônio Fleury Filho (PTB), governador de São Paulo quando 111
presos foram mortos pela Polícia
Militar durante o episódio que ficou conhecido como o ""massacre
do Carandiru", em 92.
Fleury tem sido mencionado
por vários integrantes da coordenação da campanha de Ciro como
responsável pela formulação do
programa na área de segurança,
um dos aspectos mais valorizados
pelo presidenciável durante seus
discursos políticos.
A morte dos 111 presos chegou
inclusive a ser motivo de um bate-boca entre o então governador do
PMDB e o presidenciável, que à
época comandava o Ceará.
Em resposta a críticas do hoje
candidato a uma possível aliança
entre o PMDB e o PSDB, partido
ao qual Ciro era filiado, Fleury
afirmou que, ""em vez de falar
com cólera, o governador deveria
cuidar da cólera em seu Estado",
em referência ao fato de que o
Ceará era, naquele período, recordista de casos da doença no país.
Ciro reagiu com ironia à declaração. ""Acho que esse tiro saiu pelo Carandiru", disse.
A assessoria do candidato, entretanto, negou na sexta-feira que
o ex-governador esteja trabalhando no programa. ""Então acabaram de tirá-lo", declarou um dos
integrantes da coordenação da
campanha ao ser informado sobre o assunto.
Segundo a assessoria de Ciro, as
principais diretrizes do programa
na área de segurança estão sendo
determinadas pelo presidenciável, que ainda não teria escolhido
o encarregado do setor.
Resumo
Não é isso o que diz Fleury. De
acordo com o deputado, foi o próprio coordenador-geral de programa do candidato, o filósofo
Roberto Mangabeira Unger,
quem lhe pediu que apresentasse
propostas há cerca de dois meses.
""Estou atrasado, mas entrego
um resumo com as minhas idéias
ao Ciro nesta terça-feira, em São
Paulo", declarou Fleury, que ainda disse já ter discutido o tema
com o próprio presidenciável, durante encontro no Rio.
Além de Fleury, também trabalha no projeto o deputado federal
Roberto Jefferson, que era da tropa de choque de Fernando Collor
de Mello e um dos articuladores
da aliança entre o o PTB e o ex-presidente para a disputa do governo de Alagoas neste ano.
Namorada de Ciro, a atriz Patrícia Pillar é uma das principais responsáveis pelo programa de cultura do presidenciável. Trabalham com ela no projeto o deputado estadual do Ceará Paulo Linhares e a produtora Marisa Leão.
Um primeiro texto sobre o assunto deve ser apresentado no
início da próxima semana no site
de Ciro na internet.
O deputado estadual do Ceará
Mauro Benevides Filho (PTB) é o
responsável pela economia, mas
tem sido auxiliado na tarefa por
Maurício Dias David, do BNDES
-Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão
ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior-, e por Luiz Rabi, economista licenciado do Bic Banco.
Auxiliares de Ciro afirmam que,
assim como David, são muitos os
colaboradores de seu programa
que integram o governo de Fernando Henrique Cardoso. Dizem
manter segredo sobre nomes com
receio de retaliações.
Ex-militante do PCB, o presidente do PPS, Roberto Freire, é
um dos três integrantes do conselho político de Ciro. Foi o articulador, em 92, da mudança do nome
de seu partido para PPS e do
abandono do comunismo.
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