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Para Brizola, Ciro daria força ao trabalhismo
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
A subida do candidato da Frente Trabalhista (PTB-PDT-PPS) à
Presidência, Ciro Gomes, deixou
o ex-governador Leonel Brizola
eufórico nos últimos dias. Do alto
dos seus 80 anos -55 de vida pública-, Brizola vê, numa eventual vitória de Ciro, a volta por cima do trabalhismo e a derrota do
petismo, objetivos que persegue
desde a volta do exílio, em 1979.
"Em quase um ano de convivência, já conseguimos aparar
nossas arestas. Assim que Ciro for
empossado, realizaremos a fusão
do PDT com o PTB, de onde nascerá um novo partido trabalhista", afirma o líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson.
Em 1980, Brizola não conseguiu
retomar a sigla do velho PTB das
mãos de Ivete Vargas, fundou o
PDT e, de quebra, viu Lula (PT)
lhe roubar a bandeira de principal
nome da oposição no país.
Brizola ainda chegou a ser governador do Rio por duas vezes
(1983-87 e 1991-93), mas foi perdendo o brilho político. Desde então, manteve uma relação tumultuada com Lula, que lhe tirou, por
uma diferença de 450 mil votos, a
vaga para disputar o segundo turno com Fernando Collor de Mello
nas eleições presidenciais de 1989.
"A vitória de Ciro não será apenas eleitoral. Ela terá um grande
significado político para o ex-governador Brizola", reforça o candidato da Frente Trabalhista ao
governo do Rio, Jorge Roberto
Silveira.
Um exemplo sempre citado pelos colaboradores do líder pedetista, para lembrar que ele acredita, de fato, na retomada do trabalhismo, é o da convenção nacional
da Frente, em Pindamonhangaba
(SP), no mês passado.
Emocionado, Brizola leu a carta-testamento de Getúlio Vargas e
disse que há "22 anos" esperava
por aquele momento.
Segundo o líder do PTB, Brizola
foi o primeiro a lutar pelo apoio
do PFL a Ciro. Esbarrou numa
forte oposição do presidente do
PPS, Roberto Freire, mas ganhou
a disputa.
Logo depois, soube engolir a
derrota com a indicação, por parte do PPS gaúcho, do desafeto Antônio Britto para disputar o governo do Estado. Com o apoio do
PTB, lançou o vereador pedetista
José Fortunatti, mas manteve o
apoio ao presidenciável do PPS.
"A Frente foi constituída para
eleger o Ciro. Depois, cada um
tem o seu caminho. A nossa relação é com o Ciro e não com a pessoas que vierem por outros partidos a apoiá-lo", afirma o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), um dos defensores, dentro do
PDT da aliança do partido com
Lula já no primeiro turno.
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