São Paulo, domingo, 21 de novembro de 2004

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DINHEIRO

Fazenda e Banco Central afirmam que a redução do compulsório não está relacionada com crise no Banco Santos

Ajuda a bancos já era prevista, diz Palocci

ÉRICA FRAGA
ENVIADA ESPECIAL A BERLIM

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, negaram ontem que a medida de alívio nos depósitos compulsórios dos bancos, anunciada na sexta-feira, tenha sido motivada por dificuldades e ondas de saques em alguns bancos.
Segundo os dois, os problemas que levaram à intervenção no Banco Santos, há duas semanas, são isolados e não há risco de contaminação no sistema financeiro. "Não há nenhuma preocupação nossa em relação ao sistema financeiro brasileiro. A medida anunciada fortalece o sistema de crédito, o que é positivo para o sistema financeiro", disse Palocci.
Ele e Meirelles participam de reunião do G 20 -grupo que reúne ministros das finanças e presidentes de bancos centrais de países avançados e emergentes.
Meirelles ressaltou que a medida -que favorece principalmente os bancos pequenos- visa melhorar as condições de competição do mercado e já vinha sendo estudada. Ele disse que o BC decidiu anunciar a mudança ontem porque avaliou que o momento era "maduro e conveniente".
"A medida não é indicativa de nenhum problema específico. Ela é uma evolução normal do mercado e vinha sendo discutida há muito tempo", disse.
Sobre os rumores de que tenha havido vazamento de informação sobre a intervenção no Banco Santos, Meirelles disse que essa e outras possíveis irregularidades serão investigadas pela comissão de inquérito do BC que cuida do caso. Mas disse que, por enquanto, não existe nenhum indício de vazamento de informação.
"O Banco Central tem uma comissão que está estudando todos os detalhes e a atuação da instituição, do seu enquadramento ou não em diversos aspectos normativos, e também eventuais possibilidades de qualquer tipo de irregularidade", disse Meirelles.
De acordo com o presidente do BC, rumores de mercado não podem ser classificados como "normais ou anormais". Nas palavras dele, eles simplesmente existem.
Palocci e Meirelles consideram que não há motivo para preocupação do mercado com os efeitos que a medida de afrouxamento nos compulsórios dos bancos possa ter sobre a inflação. Segundo a nova norma do BC, todos os bancos poderão ter uma espécie de desconto de R$ 300 milhões no valor que são obrigados a recolher, diariamente, ao BC.
A liberação desses recursos significa que poderão ser usados pelos bancos para maior oferta de crédito. Mas, de acordo com Palocci, os volumes que estarão livres não são suficientes para provocar pressões sobre os preços.


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