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Cachoeira é o vencedor, diz Abrabin
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Abrabin (Associação Brasileira dos Bingos), Olavo Sales da Silveira, disse ontem
que a medida provisória que proibiu o funcionamento dos bingos
fez do empresário Carlos Augusto
de Almeida Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, o "grande vencedor da
guerra que acontece no país pelo
mercado lotérico".
Segundo Silveira, a fita em que o
ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz aparece negociando
com Ramos foi divulgada estrategicamente pelo empresário na semana em que o Congresso debateria a lei dos bingos e loterias.
Nessa gravação, o ex-assessor
da Presidência Waldomiro Diniz
exige dinheiro do empresário do
bingo. "Diniz era refém de Cachoeira e acabou detonado por
não concordar com os interesses
dele." Um dos pontos defendidos
por Cachoeira é a transformação
de videobingos em videoloterias.
Para Silveira, o bingo é o bode
expiatório da atual crise política
"pela dificuldade de diferenciá-lo
de jogo do bicho e da guerra mundial pelo mercado de loterias".
É nessa disputa internacional
que o presidente da Abrabin insere Cachoeira. Ele diz que o empresário do bingo representa uma
empresa sul-coreana concorrente
da GTech, que processa os jogos
da Caixa Econômica Federal.
Silveira sustenta que, com a
proibição dos bingos, haverá uma
natural migração de público para
o mercado de loterias, favorecendo Cachoeira e seus parceiros.
O presidente da Abrabin envolveu-se no caso ao ser citado em
depoimento ao Ministério Público como intermediário entre o ex-assessor e os irmãos Ortiz, supostos representantes da máfia espanhola no Brasil. Ele nega a relação
-diz ter encontrado Waldomiro
apenas "três ou quatro vezes".
Silveira comentou que as casas
de bingos já planejam medidas
para barrar os efeitos da MP. A
Abrabin deve atuar em duas frentes: no Congresso e no Judiciário.
"Usaremos todos os meios jurídicos possíveis para defender o interesse de nossas empresas e dos
trabalhadores." Ele não descartou
a estratégia adotada pelas casas de
bingo em 1999, quando as autorizações de funcionamento foram
obtidas com liminares.
Quanto à atuação junto ao Legislativo, Silveira foi categórico:
"Temos certeza de que o Congresso Nacional jamais permitirá que
essa situação [a proibição de funcionamento dos bingo] perdure
por um prazo superior a 30 dias".
Bom relacioamento
O empresário comentou que a
Abrabin tem um bom relacionamento com parlamentares do PT.
"Há quatro anos deputados petistas abraçaram a defesa da regulamentação dos bingos", disse. Ele é
contra a CPI do Bingo arquitetada
pela oposição. "Só serviria para
atacar o governo, financiadores
de campanha e o Waldomiro,
além de fragilizar o governo."
Mesmo descartando demissões
nos próximos 30 dias, Silveira
chorou ao ser questionado sobre
possíveis cortes nas empresas.
"Os bingos são um negócio pequeno, que empregam mais de
320 mil pessoas com salários entre R$ 500 e R$ 2.000. Geramos
mais empregos que a indústria
automobilística, sem receber um
centavo de incentivo fiscal", disse,
comparando o dia de anteontem
ao 11 de setembro de 2001 -data
dos ataques terroristas aos EUA.
Sobre a decisão de fechar as casas de bingo anteontem, Silveira
disse ter orientado as empresas a
procederem dessa forma. "Não
queríamos correr o risco de constranger a clientela com a entrada
da Polícia Federal nos bingos."
Colaborou FABIO SCHIVARTCHE, do Painel
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