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SOMBRA NO PLANALTO
De 69 ouvidos, 21 são favoráveis à CPI, 12 se dizem indecisos e 36 são contrários à comissão; outros 12 congressistas estão fora
CPI sobre Waldomiro precisa do apoio de mais seis senadores
Bruno Stuckert/Folha Imagem
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O senador Arthur Virgílio (PSDB) concede entrevista sobre o caso |
ANA FLOR
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma enquete feita pela Folha
com 69 dos 81 senadores mostra
que pelo menos 21 deles são favoráveis a uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) específica
para apurar o caso do ex-subchefe
de Assuntos Parlamentares da
Casa Civil Waldomiro Diniz. São
necessárias 27 assinaturas para a
criação de uma CPI no Senado.
Há também o requerimento para uma outra comissão, a chamada CPI do Bingo. O senador Magno Malta (PL-ES), autor do requerimento, disse que para a CPI do
Bingo há 33 assinaturas.
Na prática, também a CPI do
Bingo deve investigar Waldomiro. O ex-assessor da Casa Civil,
exonerado na semana passada,
aparece em uma fita de vídeo pedindo propina ao empresário do
bingo Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira. O dinheiro
foi pedido para campanhas eleitorais em 2002. Na época, Waldomiro presidia a Loterj (Loteria do
Estado do Rio de Janeiro) e chegou a negociar com Cachoeira
que reescrevesse um edital para a
exploração de loterias no Estado.
Em relação a uma CPI específica
sobre o caso Waldomiro, 36 senadores são contrários à criação da
comissão, e 12 se dizem indecisos,
segundo a enquete feita pela Folha. Os 12 senadores que não se
manifestaram estão em viagem.
A reportagem consultou os senadores de quarta-feira até ontem, ou obteve as informações
por meio de seus gabinetes. A
maioria dos indecisos disse
aguardar orientação partidária.
Neste grupo estão senadores de
bancadas de oposição ao governo,
como Paulo Octávio (PFL-DF) e
João Tenório (PSDB-AL), que
afirmaram querer conversar com
as lideranças dos seus partidos.
Os senadores favoráveis incluem toda a bancada do PDT e a
maior parte do PSDB e do PFL. A
bancada do PSB ainda não tomou
uma decisão, mas a tendência, segundo o senador Geraldo Mesquita Júnior (AC), é concordar
com a criação da CPI.
O clima de incerteza fez a posição de muitos senadores variar
durante os últimos dias. No início
da tarde de quarta-feira, Heráclito
Fortes (PFL-PI), ainda entre os indecisos, disse estar propenso a assinar o pedido de comissão, em
respeito à posição de seu partido.
Pessoalmente, Fortes não estava
convencido da necessidade de
CPI. Horas mais tarde, no início
da noite, ele havia fechado com o
grupo contrário. "Não acho que
seja o caso aqui, a menos que haja
algum fato novo", argumentou.
Mesmo na bancada do PMDB,
que decidiu em reunião apoiar o
governo, havia hesitação. Pelo
menos cinco senadores não quiseram definir uma posição antes
da próxima reunião da bancada,
que ocorre apenas em março.
Contribuiu o fato de os senadores
Pedro Simon (RS) e Mão Santa
(PI) terem firmado uma postura
enérgica em favor da CPI.
"Quem fica em cima do muro
leva bala", disse o senador Sérgio
Zambiasi (PTB-RS), explicando
sua fidelidade ao governo e criticando a indecisão de alguns.
Para o senador Eduardo Suplicy
(PT-SP), o feriado de Carnaval
deve "oxigenar" as posições. "Até
o dia 2 [de março] há tempo para
todas as partes. Para mais fatos e
mais esclarecimentos."
Colaborou FERNANDA KRAKOVICS, da
Sucursal de Brasília
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