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EXÍLIO INTERNO
Dirceu viveu
com nome falso
até ser anistiado
DA REDAÇÃO
Banido do Brasil em 6 de setembro de 1969, o atual ministro José Dirceu (Casa Civil)
voltou do exílio duas vezes. O
retorno oficial ocorreu em dezembro de 1979, após a aprovação da anistia. Mais tarde, ele
revelou que havia vivido clandestinamente em Cruzeiro do
Oeste (PR) de 1975 a 1979, graças a uma operação plástica
que lhe deixou o nariz adunco
e os olhos puxados, disfarçado
sob a identidade falsa de Carlos
Henrique Gouveia de Melo.
Apresentou-se como um
economista, filho de judeus,
que tinha vindo do interior de
São Paulo por ter brigado com
a família. Apelidado de "Pedro
Caroço", ele fez amigos e se casou com Clara Becker, dona de
uma confecção de roupas, com
quem teve um filho, José Carlos. Revelou-se um bom administrador e ampliou os negócios. No dia 29 de agosto de
1979, um dia depois de ter sido
sancionada a Lei da Anistia,
Carlos Henrique chamou sua
mulher, que cuidava do filho
recém-nascido, e lhe mostrou
um jornal que trazia uma foto
dos militantes de esquerda trocados pelo embaixador americano seqüestrado Charles Elbrick em 1969. Apontou para
um jovem magro e falou: "Está
vendo esse aí? Esse aí sou eu".
"Foi um susto para todo o
mundo quando "Carlos" contou quem ele era", disse Clara.
Dias depois, ele deixou a mulher e o filho e voltou a Cuba,
onde fez uma segunda operação plástica para desfazer a anterior e desceu no aeroporto de
Viracopos com outros anistiados, como se não tivesse voltado para o Brasil desde 1969.
"Tive de acompanhar tudo pela TV", revelou Clara em 2003.
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