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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003

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400 mil esperam assentamentos

Moacyr Lopes Jr. - 15.out.02/Folha Imagem
Crianças bricam no acampamento Margarida Alves, em Sandovalina, no Pontal do Paranapanema


DA AGÊNCIA FOLHA

Existem hoje no Brasil cerca de 400 mil camponeses vivendo debaixo de barracos de lona e à beira de estradas vicinais à espera de projetos de assentamento a serem implantados pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva. No total, entre todos os movimentos, são 871 acampamentos e 96 mil famílias.
A informação consta de levantamentos concluídos na semana passada pela Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e pelo Dataluta, banco de dados mantido pelo departamento de geografia da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Os relatórios são independentes.
Apenas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), segundo o Dataluta, são 62,1 mil famílias acampadas, o equivalente a cerca de 260 mil camponeses sem-terra, em 496 pontos. Desses, 74 mil estão em Pernambuco e 33 mil, em Goiás.
Já da Contag são outras 33,8 mil famílias, espalhadas em 375 acampamentos. Minas Gerais (7.456) e Mato Grosso do Sul (6.900) têm o maior número de famílias de sem-terra ligadas à entidade. Essa lista foi entregue na última semana ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto.
Até agora, para tentar conter a pressão dos movimentos sociais, o governo federal anunciou a desapropriação de 203 mil hectares de terra em 17 Estados para o assentamento de 5.500 famílias, o que representa apenas 5% da demanda emergencial.
Além disso, segundo o Ministério Extraordinário do Combate à Fome e da Segurança Alimentar, todos os acampados serão auxiliados por meio de alimentos recolhidos pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e por um serviço de doações via telefone a ser implantado a partir do mês que vem.
O MST já reclamou publicamente da "demora", enquanto o governo federal pede tempo para "organizar" a casa. Em Alagoas, famílias acampadas têm organizado barricadas como forma de protesto.
Mesmo sem divulgar seu levantamento à imprensa, o MST diz que a eleição de Lula provocou um boom na procura pelos acampamentos nos últimos meses. A Agência Folha tem solicitado à assessoria de imprensa do ministério, desde o início de janeiro, a lista oficial de famílias nessa situação, mas até a última sexta-feira não havia obtido resposta. (EDS)


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