São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003 |
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400 mil esperam assentamentos
DA AGÊNCIA FOLHA Existem hoje no Brasil cerca de 400 mil camponeses vivendo debaixo de barracos de lona e à beira de estradas vicinais à espera de projetos de assentamento a serem implantados pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva. No total, entre todos os movimentos, são 871 acampamentos e 96 mil famílias. A informação consta de levantamentos concluídos na semana passada pela Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e pelo Dataluta, banco de dados mantido pelo departamento de geografia da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Os relatórios são independentes. Apenas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), segundo o Dataluta, são 62,1 mil famílias acampadas, o equivalente a cerca de 260 mil camponeses sem-terra, em 496 pontos. Desses, 74 mil estão em Pernambuco e 33 mil, em Goiás. Já da Contag são outras 33,8 mil famílias, espalhadas em 375 acampamentos. Minas Gerais (7.456) e Mato Grosso do Sul (6.900) têm o maior número de famílias de sem-terra ligadas à entidade. Essa lista foi entregue na última semana ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. Até agora, para tentar conter a pressão dos movimentos sociais, o governo federal anunciou a desapropriação de 203 mil hectares de terra em 17 Estados para o assentamento de 5.500 famílias, o que representa apenas 5% da demanda emergencial. Além disso, segundo o Ministério Extraordinário do Combate à Fome e da Segurança Alimentar, todos os acampados serão auxiliados por meio de alimentos recolhidos pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e por um serviço de doações via telefone a ser implantado a partir do mês que vem. O MST já reclamou publicamente da "demora", enquanto o governo federal pede tempo para "organizar" a casa. Em Alagoas, famílias acampadas têm organizado barricadas como forma de protesto. Mesmo sem divulgar seu levantamento à imprensa, o MST diz que a eleição de Lula provocou um boom na procura pelos acampamentos nos últimos meses. A Agência Folha tem solicitado à assessoria de imprensa do ministério, desde o início de janeiro, a lista oficial de famílias nessa situação, mas até a última sexta-feira não havia obtido resposta. (EDS) Texto Anterior: Campo minado: "Pacote" prevê auditoria no Incra e nova reforma agrária Próximo Texto: Janio de Freitas: A verdade que falta Índice |
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