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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003

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Ex-namorada afirma que senador mostrou transcrições de grampo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A advogada Adriana Barreto, ex-namorada do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e o marido dela, Plácido Faria, reafirmaram em depoimento ao Ministério Público Federal, anteontem, que ACM seria responsável por grampos telefônicos na Bahia. O senador baiano nega.
Segundo o procurador José Roberto Santoro, Adriana reafirmou que teve conversas com ACM sobre grampos. Também disse ter provas de seu relacionamento com o senador. "Orientei que eles encaminhassem as provas à Polícia Federal", afirmou Santoro.
A PF acredita que o grampo atingiu 232 telefones de congressistas e pessoas próximas a ACM.
Em uma das conversas, o senador teria mostrado a Adriana transcrições de grampos de conversas de seus adversários. Em outra, ACM teria dito que grampearia Faria. Posteriormente, teria confirmado que fez o grampo.
O depoimento no Ministério Público foi marcado de última hora a pedido da própria Adriana, que chegou a Brasília no final da tarde da sexta-feira. Ontem à noite, ela e Faria foram ouvidos pela Polícia Federal, depoimento que não havia acabado até a conclusão desta edição.
Em entrevista antes de falar à PF, Faria disse que, em sua opinião, já há elementos para indiciar ACM. "Já há o suficente para oferecer denúncias", disse. O advogado afirmou que a imprensa se equivoca ao afirmar que precisam aparecer provas materiais para comprovar a participação do senador no grampo.

Revólver
Disse que ele e Adriana decidiram denunciar os grampos após terem sido ameaçados pelo senador. "Tive revólver apontado para minha cabeça, ninguém em Salvador aceitava um carona minha." Questionado sobre quem teria apontado o revólver, respondeu: "O aparato do Estado".
Dois procuradores federais estiveram ontem com o advogado e sua mulher. Segundo eles, a Justiça determinou que o processo corra em sigilo, o que irá impedir que senadores da Comissão de Ética acompanhem depoimentos.


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