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Em nota, ministro nega envolvimento
DA REDAÇÃO
Leia a seguir a íntegra da
nota do ministro do Superior Tribunal de Justiça Edson Vidigal, em que ele afirma que o envolvimento de
seu nome nos episódios relatados pela reportagem "mais
que leviano, é criminoso,
porque configura injúria e
difamação".
"Através do jornalista Josias de Souza, da Folha de
S.Paulo, fiquei sabendo hoje
que o meu nome é citado em
gravação de conversa telefônica entre integrantes de um
grupo liderado por João Arcanjo Ribeiro, conhecido como "comendador", sob investigação da Polícia Federal
em Mato Grosso.
E mais, segundo ainda o
jornalista Josias de Souza,
um dos meus filhos, Erick
Vidigal, que é advogado, estaria entre os interessados na
defesa judicial dos investigados, tendo inclusive viajado
a Cuiabá, Mato Grosso, para
encontrar-se com eventuais
clientes.
Tenho a dizer:
1. O meu filho exerce legalmente a profissão que escolheu. Assim, é livre para aceitar a causa que, nos limites
da lei, achar que deve. Não
tenho, nem como pai, nem
como amigo, tampouco como magistrado, direito de
impedir seu livre exercício
profissional.
2. Meu filho confirma que,
a chamado profissional, esteve em Cuiabá, Mato Grosso, encontrando-se com o
advogado Eduardo Toledo,
que defende o contador Luis
Alberto Dondo Gonçalves.
O interesse era contratá-lo
para acompanhar no TRF-1ª
Região o habeas corpus em
todos os seus trâmites, até
decisão final. Por motivos
pessoais e profissionais, meu
filho não aceitou a causa.
3. Mais que leviano, é criminoso, porque configura
injúria e difamação, o envolvimento do meu nome nos
episódios que me foram dados a conhecer pelo jornalista Josias de Souza.
4. No exercício eventual da
Presidência do Superior Tribunal de Justiça, indeferi, em
22 de janeiro último, pedido
de liminar em habeas corpus
nº 25.506, impetrado em favor de Luis Alberto Dondo
Gonçalves, apontado como
contador do acusado conhecido como "comendador". O
nome do meu filho não
constava como advogado e
se constasse estaria eu impedido.
5. Ainda, quanto ao meu
filho, disse eu ao jornalista
Josias de Souza que o que sei
é que ele é casado, tem filha,
leva vida difícil e modesta,
lecionando em duas faculdades de direito do Distrito Federal, e que não conheço,
nem é da minha conta conhecer, quem é ou deixou de
ser seu cliente.
6. Quanto a magistrados
aposentados e filhos de magistrados na ativa, que exercem a advocacia nos tribunais onde atuaram ou atuam
seus pais, minha posição é
de há muito conhecida da
Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) e do ministro
da Justiça [Márcio Thomaz
Bastos]. Sou contra esse
exercício por achá-lo constrangedor e aético.
7. Estou, neste momento,
oficiando ao Ministro de Estado da Justiça pedindo a
instauração de inquérito policial específico para este caso, tudo de modo a que não
reste, quanto ao que se diz, a
mínima sombra de dúvida
sobre a minha atuação como
magistrado.
Brasília, Distrito Federal,
21 de Fevereiro de 2003.
Edson Carvalho Vidigal
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