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OUTRO LADO
Vidigal afirma que não tem "nada a ver" com a atuação do seu filho
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em entrevista à Folha, o ministro Edson Vidigal, do STJ (Superior Tribunal de Justiça) dissociou
a sua atuação como juiz das atividades de seu filho Erick José Travassos Vidigal. "Se a gente for por
esse caminho", disse ele, "amanhã, ser juiz vai ser como ser sacerdote da Igreja Católica. Não
pode ter família."
"Inverta a coisa e coloque-se no
meu lugar", prosseguiu Vidigal.
"Você tem um filho, que é maior,
que é profissional, advogado. Minha relação com os meus filhos é
uma relação, vamos dizer..., cada
um vive a sua vida. Ajudei a educá-los, apoiei todos, mas, no momento em cada um toma o seu rumo, não tenho nada a ver."
O ministro Edson Vidigal disse
que desconhecia a viagem que seu
filho fez a Cuiabá, para encontrar-se com advogados e lobistas a serviço de João Arcanjo Ribeiro.
"Nem tomei conhecimento,
nem teria como tomar. Eu tenho,
ao todo, cinco filhos. Em Brasília
moram dois. Um deles há mais de
um ano não vejo. Levo uma vida
muito intensa. Às vezes, eles até
procuram ir à minha casa, mas
não me acham", afirmou.
"O Erick o sr. vê com que frequência?", quis saber a reportagem. Vidigal: "O Erick me visita
com mais frequência. Até porque,
dos que moram em Brasília, ele é
o mais moço".
O repórter pede o auxílio de Vidigal para localizar Erick. "Se você
me pedir o telefone de qualquer
um deles, eu lhe falaria com a
maior sinceridade que não tenho.
Levo uma vida muito atribulada."
Estaria Erick viajando? "Também não sei. Sinceramente não sei
te dizer nada a respeito da vida
dele. Só posso dizer o seguinte: ele
é realmente meu filho e eu tenho
muito respeito pela vida dele.
Apesar de muito moço, trabalha
muito e leva uma vida modesta."
"Estamos entrando, no Brasil,
num caminho muito perigoso",
complementou Vidigal. "Amanhã um malandro combina com
outro qualquer coisa, fala o seu
nome e você não tem como sair."
No início da entrevista, ao ouvir
o nome de José Arcanjo Ribeiro,
Vidigal apressou-se em esclarecer: "Já entrou até um pedido de
habeas corpus dele aqui, que eu
indeferi".
O repórter indagou: "Dele ou
do..." E Vidigal: "Do contador, do
contador dele. Dele não entrou
nada, não. Pelo menos aqui, ao
meu conhecimento, não".
Vidigal afirmou que é contrário
à atuação de um filho ou outro parente próximo do juiz na mesma
jurisdição do pai. Embora tivesse
dito que não dispunha dos telefones do filho, o ministro terminou
por encontrá-lo. Chamou-o a seu
gabinete e o pôs em contato com a
reportagem.
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