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PROGRAMA EM XEQUE
Partidos trocam acusações e "dividem" a cidade
PT trava com PL disputa por projeto-piloto em Guaribas
DO ENVIADO A GUARIBAS (PI)
Unidos para catapultar Luiz
Inácio Lula da Silva à Presidência,
PT e PL dividem Guaribas em
dois "lados" e ameaçam dificultar
a tarefa do presidente de transformar a cidade em uma vitrine de
seu principal programa social, o
Fome Zero.
Guaribas é dividida geograficamente por um açude de água não
potável que fica no centro da cidade. A divisão política, segundo os
moradores, começou nas eleições
municipais de 2000, quando um
dos lados teria apoiado majoritariamente o prefeito eleito Reginaldo Correia (PL), enquanto o outro apoiava o candidato Edemir
Alves da Rocha (PDT).
A divisão se reflete no comitê
gestor local do Fome Zero. José da
Silva Bastos, 52, o Zuza, afirma
pretender fundar o PT na cidade
em companhia de Carlos Ferreira,
também do comitê.
Do outro lado da cidade fica a
prefeitura e integrantes do comitê
ligados ao prefeito, filiado ao PL,
como a atual secretária de Educação do município, Lucilé de Santana Ribeiro. Correia foi cassado
em abril de 2000, mas continua no
cargo por recursos judiciais que
até hoje não foram julgados e ele
conseguiu se reeleger. É acusado
de desvio de verbas.
Dificuldades no trabalho
Segundo o enfermeiro Lauro
César de Morais, também do comitê, "a divisão atrapalha o andamento do programa". "Você não
tem acesso livre. Eu sou a única
pessoa que entra em todas as casas de Guaribas. Acontece briga
dentro do comitê. A gente tenta
contornar", afirma.
A divisão influencia o seu trabalho de atendimento médico, ele
diz: "[A cidade] é totalmente dividida. Queriam que eu consultasse
o pessoal de cá [lado da prefeitura] aqui, e o pessoal de lá, lá do outro lado. Resolvi consultar lá e entregar medicamentos aqui, para
forçar as pessoas a irem de um lado para o outro".
Segundo Carlos Ferreira, haveria "irregularidades" no cadastro
de beneficiados do programa, entre eles o fato de constar o nome
de sua própria mulher, Sineide
Correia Maia, entre os beneficiados. Por ele participar do comitê,
Sineide Maia não poderia receber
o benefício.
Ele diz que o dinheiro dela não
foi sacado e acusa os integrantes
ligados ao prefeito de terem inserido o nome dela no cadastro.
"Para me complicar ou complicar
o programa", afirmou.
A secretária de Educação culpa
possíveis erros no cadastramento
à "pressa" com que ele foi feito
-uma semana, ela diz.
E, embora integrante do comitê,
critica o Fome Zero: "O problema
maior da cidade é [falta de] água e
estrada. Aqui não existe fome,
existe carência nutricional".
"A política aqui não acaba nunca", diz o comerciante Carlos Rocha, amigo de Zuza e morador do
lado "petista", que também faz
críticas aos integrantes do comitê
ligados ao prefeito.
A filial da Caixa Econômica, onde os beneficiários de programas
do governo atual e do anterior retiram seu dinheiro, foi instalada
na mercearia de Vagno Alves, por
indicação da prefeitura.
Segundo Rocha, Alves seria favorecido nas vendas que faz. "Ali
mesmo as pessoas tiram o dinheiro e ali elas gastam", afirma. Alves
afirma que foi indicado pela prefeitura, mas que fez "convênio
com a Caixa" e que não há nenhuma irregularidade na sua indicação. O movimento na sua loja, ele
diz, "aumentou em 20%" após o
Fome Zero.
(RC)
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