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VIAGEM AO ORIENTE
Valor se refere a acordos já acertados por companhias brasileiras antes da visita à China; expectativa é estreitar novas negociações
Empresas fecharão negócios de US$ 3 bi
GUILHERME BARROS
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
Os empresários brasileiros vão
formalizar negócios de pelo menos US$ 3 bilhões durante a visita
oficial à China do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Esse é o valor
de acordos já acertados por algumas companhias com parceiros
chineses antes da viagem. A maioria, porém, visita o país com o objetivo de estreitar negociações e
fazer os primeiros contatos.
Apesar de o comércio entre Brasil e China ter crescido de US$ 1,9
bilhão para US$ 6,7 bilhões nos
últimos cinco anos, os chineses
compram do Brasil apenas 1% do
total de suas importações.
A expectativa do empresariado
brasileiro é grande. É esperado até
hoje o desembarque de mais de
400 empresários e executivos de
mais de 250 companhias em Pequim atrás de grandes negócios.
Os grandes contratos desta viagem deverão ser fechados pela Petrobras e pela Vale do Rio Doce.
A petrolífera, que inaugura hoje
seu escritório em Pequim, com a
presença de Lula, tinha previsto
assinar hoje um contrato com a
estatal chinesa Sinopec para a exploração de petróleo na China.
De acordo com o que a Folha
apurou, no entanto, o acordo corre o risco de não ser assinado, pois
parte da diretoria da Sinopec foi
afastada pelo governo chinês devido a um acidente numa plataforma de petróleo. A Petrobras
garante que a assinatura sai hoje.
Já a Vale do Rio Doce irá fechar
amanhã quatro contratos que deverão superar os US$ 2 bilhões.
Um deles está estimado em US$
1,5 bilhão e será assinado com a
chinesa Baosteel, a maior siderúrgica do mundo, para a construção
de uma empresa de siderurgia em
São Luís (MA).
A Vale também firmará protocolo com a empresa de alumínio
Chalco para a expansão da produção do metal no Brasil, além de
dois contratos na área de carvão
com a Yongcheng e a Yankuang.
A Gradiente também deverá assinar um contrato amanhã.
Conselho Brasil-China
Para tentar facilitar as relações
entre empresas dos dois países,
será criado amanhã, em Pequim,
com a presença de Lula, o Conselho Empresarial Brasil-China, que
será comandado por Roger Agnellim, presidente da Vale. O conselho já conta com a participação de
21 empresas brasileiras e 24 chinesas, além das federações industriais do Rio e de Minas Gerais.
Segundo Renato Amorim, secretário-executivo do Conselho
Empresarial Brasil-China, o órgão
pretende ser só um facilitador de
negócios entre os dois países.
Amorim, que trabalhou na China durante três anos como diretor
da Vale, acha que o Brasil está desembarcando tarde na China. Países como a Colômbia e o Chile, segundo ele, já estão há muito mais
tempo negociando com a China.
Amorim diz ainda que, além
desses megacontratos que estão
sendo assinados pela Petrobras e
pela Vale, diversos outros deverão
ser firmados por empresas brasileiras, já que desembarcaram empresas de diversos setores.
Um dos setores que faz uma
aposta alta na China é o de álcool.
Apesar de ser o terceiro maior fabricante mundial, o país é grande
comprador do produto. Até a
Olimpíada de 2008, em Pequim,
toda a gasolina na China precisará
conter 10% de álcool (etanol).
O Brasil vê aí uma grande chance de exportar álcool para os chineses. Segundo Maurílio Biaggi,
diretor da Única (União dos Produtores de Álcool e Cana de Açúcar do Brasil), o país ainda não exporta para a China, mas pretende,
já a partir do ano que vem, começar a vender cerca de 200 milhões
de litros de etanol, o que corresponde a cerca de US$ 80 milhões.
Outro com expectativa de grandes negócios na China é Mário
Garnero, da Brasilinvest. Anteontem, ele almoçou com o presidente da Citic, grupo chinês com patrimônio de US$ 80 bilhões. A
empresa pretende investir US$ 4
bilhões na área de infra-estrutura
no Brasil, como portos e ferrovias.
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