São Paulo, domingo, 23 de maio de 2004 |
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TODA MÍDIA - NELSON DE SÁ Ofensiva
O "El País" entrevistou o
presidente do México e
deu título para uma declaração
de Vicente Fox: Como ele, falaram o cineasta Walter Salles, no "Le Monde", e o ministro e pop star Gilberto Gil, no "El País". Salles deu longa entrevista para dizer que seu filme sobre Che Guevara "não é histórico, é um filme do tempo presente". Trata da "busca de uma identidade latino-americana": - Nós todos, argentinos, bolivianos, brasileiros ou chilenos, nos sentimos muito próximos e muito distantes. Para Salles, existe o "desejo de um projeto coletivo", de "nos conhecermos, de parar de olhar para os Estados Unidos". Gil, também em extensa entrevista, foi na mesma linha. Comentando o próprio filme de Salles, por exemplo: - Já não estamos tão de costas para o resto da América Latina. Há iniciativas bilaterais, com países como Argentina, Chile, Bolívia. Políticas comuns, uma maior integração de bens materiais e culturais e iniciativas como o ensino de português no México e de espanhol no Brasil. Tudo isso coloca o Brasil num papel importante, de integração e convergência. Falou também das "novas convergências, África do Sul, Brasil, China", contra "este sistema" que ele descreve como "um neocolonialismo que se renova a cada dia". Por aqui, Caetano Veloso detonou Lula nas entrevistas de divulgação do show "A Foreign Sound", de canções americanas -que faz "estréia nacional" na quinta, segundo anúncios veiculados também ontem. Não detonou só o governo brasileiro. Pergunta da revista "Época", resposta dele: - A música americana é melhor que a brasileira? - É, sim. LULA E OS EUA
O "Financial Times" publicou, o UOL traduziu e a Globo noticiou um artigo apontando "a missão de Lula à China" como "um desafio para o governo George W. Bush, com sua miopia para os acontecimentos no seu quintal". A viagem tem "grandes implicações geopolíticas potenciais", ao "conectar os maiores mercados emergentes dos hemisférios ocidental e oriental". Enquanto a China, prestes a integrar o Banco Inter-americano de Desenvolvimento, dá "sinais de um boom de investimentos" em infra-estrutura da América Latina, as relações dos EUA com países como Brasil e Argentina "se deterioraram". O "FT" sugere que, para evitar "até a formação de novos blocos de poder na região", os EUA "têm de parar de excluir a agricultura sul-americana de seus mercados". E encerra: - Para dizer o menos, Washington precisa prestar atenção. Mundo rico A agência Xinhua, o "Diário da China" e outros jornais chineses iniciaram a cobertura da viagem de Lula no tom oficialesco esperado. Um trecho fala da "aliança" estratégica: - Brasil e China já tiveram sucessos contra o mundo rico. Juntaram forças para lançar o G20, grupo de nações em desenvolvimento que paralisou as negociações de comércio ao exigir que as nações ricas eliminem os subsídios agrícolas. A fonte A controvérsia em torno do iraquiano Ahmed Chalabi, que passou de favorito a desafeto dos Estados Unidos, respinga agora no "New York Times" e no "Washington Post". Sites e colunas de mídia sublinham que ele foi a fonte da repórter do "NYT" Judith Miller em supostos "furos" sobre a existência de armas de destruição em massa. E que o "WP" "inventou" Chalabi em textos ao longo dos últimos anos. ONG petista No dia do lançamento da ONG de FHC, a "Veja" trouxe longa reportagem de denúncia sobre a "ONG petista" de "um companheiro de pescarias de Lula": - Foi flagrado com uma pilha de notas frias para amparar gastos de dinheiro público. Sem coloração A mesma "Veja" noticiou a Operação Vampiro dizendo que "desde 1990, quando a quadrilha começou a agir, o Brasil teve 12 ministros da Saúde": - Esse tipo de corrupção não tem coloração política. A falta de controle é doença crônica. Para ilustrar, minifotos de José Serra e outros ex-ministros. Ex-tesoureiro O ano promete. Na "Época", o alvo era Ricardo Sérgio: - Ex-tesoureiro do PSDB sofre chuva de processos por irregularidades da época em que dirigia o Banco do Brasil. Antes, a revista já destacara as dívidas eleitorais dos tucanos. FHC E OS EUA
Dias atrás, FHC criticou o distanciamento Brasil/EUA. Ironizou que o país não tem armas para tanto. Ontem, ao inaugurar sua ONG, a estrela foi o ex-presidente Bill Clinton. E "O Globo" descrevia assim o Instituto FHC: - Uma espécie de "think tank", nos moldes dos que se originaram nos EUA. Nunca se fez coisa igual no Brasil, comenta Fernando Henrique, orgulhoso. Mais, em "O Globo": - O reitor da universidade Harvard, Larry Summers, ex-secretário do Tesouro (de Clinton), já propôs cooperação com o instituto. FHC vai dar aulas em Harvard neste ano, além de lecionar na universidade Brown. A CBN, ontem na cobertura, registrou que "o Instituto FHC já tem R$ 15 milhões em caixa", mas "precisará de R$ 150 mil por mês". Texto Anterior: Churrascarias já se espalham pela China Próximo Texto: Artigo: Relações são mais promissoras para a China Índice |
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