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SÃO PAULO
Em evento com idosos, petista se emociona com falas de Marcelo Déda e João Paulo
Marta chora e diz ser "muito duro" enfrentar preconceito
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita licenciada Marta Suplicy (PT) chorou ontem, emocionada, ao falar a uma platéia de
400 idosos no Círculo dos Trabalhadores Cristãos de Vila Prudente. No discurso, disse ser vítima de
preconceito e perseguição.
"Você lavou a minha alma", começou a candidata, referindo-se
ao prefeito reeleito de Aracaju
(SE), Marcelo Déda, que acabara
de falar. "O que eu realmente tenho sentido de preconceito e perseguição em todos os meios escritos é inacreditável. É realmente
muito duro, muito duro, suportar
o que eu tenho suportado."
Enxugando as lágrimas, Marta
foi interrompida por palmas. "O
Lula sempre diz que nunca houve
um político que apanhou tanto.
Agora somos dois. E eu acrescento a isso, [o fato de] ser mulher."
O discurso foi encerrado com
uma promessa. "Vou terminar
com uma notícia boa", disse Marta, contando que mandou à Câmara um projeto pelo qual a idade para os homens viajarem de
graça nos ônibus é reduzida progressivamente -um ano por
ano- de 60 para 65 anos.
A cerimônia começara uma hora antes, às 10h45, com o discurso
do prefeito reeleito de Recife, João
Paulo, que procurou explicar sua
presença na cidade. "Temos a
compreensão da importância
econômica e política de São Paulo, que é a caixa de ressonância da
política do Brasil. Esta eleição é a
mais importante para o governo
Lula", afirmou, sustentando que
vê "certo preconceito" nas pessoas que não votam em Marta.
O tom foi o mesmo da fala de
Marcelo Déda. "Quantas de vocês
não sabem o peso do preconceito?", perguntou ele à platéia, a
maioria mulheres. "Mas qual foi o
homem de calças, o macho, que
teve coragem de pôr os empresários de ônibus para trabalhar?",
concluiu, citando que "FHC, o
grande amigo de Serra, disse que
aposentado era vagabundo".
Entre as 11h30 e as 16h30, Marta
fez uma maratona: caminhada,
almoço, evento e comício. No final da tarde, foi a um chá para
mulheres da Igreja Renascer. Havia 15 mil pessoas no local, que
ouviam a bispa Sônia Hernandes.
Minutos antes de Marta chegar,
Hernandes declarou assim seu
voto na petista: "Ela veio trazer
não uma promessa, mas a autorização, a regularização da construção que estamos fazendo para levantar uma torre [da antena da
Rede Gospel, na Paulista]. Ela
quis trazer de presente", afirmou.
"Eu e a minha família vamos votar nela. Porque Deus pode falar
com ela, e ela pode dar mais outras tantas cartas [autorizações]."
Marta disse que a torre está para
ser liberada e que participará da
Marcha para Jesus de 2005. Em
seguida, recebeu uma bênção.
Sob o comando de Hernandes, a
crítica ao preconceito reapareceu:
"Nós somos mulheres, senhor.
Sabemos o que é ser discriminada
por ser bonita, por ser rica, porque acham que vamos ficar desestruturadas, nervosas, perder a paciência, chorar. Mas queremos dizer que nossa cidade precisa mesmo de uma mãe", rezou a bispa.
Marta agradeceu, e Hernandes
concluiu: "Vocês entenderam que
a torre está liberada?" "É", respondeu a multidão. "Entenderam
que eu a minha família vamos votar nela?" "Siiiim." "E quem quer
votar junto? "Eeeeeu", gritou
mais da metade da platéia.
A prefeitura informou que não
poderia checar no final de semana
a situação da torre. Felipe, filho da
bispa, disse que ela se referia apenas à autorização para a festa de
inauguração da antena, em 31 de
dezembro, que ainda não saiu.
À noite, a petista participaria de
quatro comícios na zona leste.
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