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ALTA ESPIONAGEM
Juiz nega suspeita, mas admite falha no sistema
DA SUCURSAL DO RIO
O 1º vice-presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador João Carlos Pestana de
Aguiar, citado nos relatórios da
Kroll, disse ter ficado surpreso
com o caso. "Fiquei profundamente chocado. Nunca no tribunal levantaram suspeita contra a
minha vida profissional. Nunca
me falaram nada sobre isso."
Ele negou a informação, levantada e depois desmentida pela
Kroll, de que poderia ter parentes
como sócios da empresa responsável pelo sistema de informática
da casa, mas disse que parentes de
outros desembargadores são donos da empresa. "Não tem parente meu. A empresa é de parentes
de outros desembargadores."
Pestana de Aguiar disse que a
rede de informática do TJ permite
manipulações, devido a falhas no
sistema de segurança, como afirma a Kroll. "A falha existe. O sistema é precário. Todo mundo está
sabendo disso. Esse sistema está
com defeitos, e uma perícia deveria ser feita", afirmou.
O desembargador responde pela área de distribuição dos processos do tribunal. Os quatro funcionários afastados por comissão de
investigação do TJ trabalhavam
sob a sua responsabilidade e estão
sendo investigados pelo Ministério Público Estadual do Rio, acusados de fraude na distribuição de
recursos judiciais encaminhados
à segunda instância de janeiro de
2003 a abril de 2004.
Os recursos envolvem disputas
entre oito empresas, com valores
de até R$ 90 milhões.
A comissão de investigação,
presidida pelo desembargador
Humberto Manes, concluiu que
não houve envolvimento de desembargadores nas irregularidades. Manes, também citado pela
Kroll, não foi encontrado. Segundo a assessoria de imprensa do TJ
do Rio, ele está viajando.
O dono da empresa Módulo Securities Systems, Fernando Nery,
disse que nunca fez nenhum tipo
de contrato com o TJ-RJ.
Os relatórios da Kroll sobre sua
investigação do TJ dizem que a
empresa foi responsável pelo programa de segurança da rede de informática do tribunal.
O sistema de segurança permitiria manipulação no sistema de
computadores, envolvendo até a
distribuição dos processos.
As acusações de irregularidades
na distribuição de recursos judiciais no TJ do Rio foram feitas pelo advogado José Antônio Fichtner em abril deste ano.
No relatório, a Kroll diz ter recebido a informação de que um parente do sócio de Fichtner, o advogado Sérgio Mannheimer, seria
dono da Módulo.
O irmão de Sérgio, Paulo Mannheimer, foi dono da empresa,
mas já vendeu a sua participação.
"Isso é maluquice. Meu irmão
foi sócio dessa empresa Módulo e
vendeu essa participação em
1996. Nunca tive conhecimento
de que a Módulo tivesse contrato
com o TJ do Rio", declarou Mannheimer.
(ANA PAULA GRABOIS)
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