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DE VOLTA AO NINHO
Aliança presidencial seria o embrião de união de partidos
PSDB e PMDB estudam futura fusão
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Fundado por dissidentes peemedebistas em 1988, o PSDB e o
PMDB têm planos de transformar
a aliança presidencial de 2002 no
embrião de uma futura fusão entre os dois partidos se o tucano José Serra for eleito presidente da
República.
Em conversas reservadas, Serra
e o presidente do PMDB, o deputado federal Michel Temer (SP),
consideram inevitável desencadear uma reforma partidária em
2003 dando o pontapé inicial com
a fusão tucano-peemedebista.
Entre os motivos que facilitaram a reaproximação PSDB-PMDB estão a morte de Ulysses
Guimarães, em 1991, e a derrocada política de Orestes Quércia, ex-governador de São Paulo. Quércia, hoje, integra a minoria da sigla e namora com o PT e com o
próprio PSDB, tentando voltar ao
Senado para deixar o segundo
plano da política paulista.
O PSDB nasceu de uma dissidência do PMDB em 1988. Naquela época, políticos como Serra
e Fernando Henrique Cardoso
condenavam a hegemonia no
partido de Quércia, então governador de São Paulo. O motivo
principal para deixar o PSDB foi a
falta de espaço na política paulista. Além disso, a discordância
moral em relação a Quércia foi
uma causas da cisão.
Uma das vozes mais fortes contra o quercismo era Mário Covas,
governador paulista morto em
2001 e espécie de consciência política do tucanato. Ele impediu, por
exemplo, a adesão de FHC a Fernando Collor de Mello.
Ironicamente, o apoio de Covas
ao cearense Tasso Jereissati para
candidato a presidente -e não ao
paulista Serra- foi decisivo para
a formação da aliança PMDB-PSDB. Isso aconteceu no segundo
semestre de 2000, quando ficou
claro para Serra que a melhor opção para vencer Tasso seria se
aliar ao PMDB e pôr em segundo
plano as pontes com o PFL.
Além do apoio de Covas, Tasso
tinha a preferência do PFL, à época o parceiro preferencial de FHC
e tido pelos tucanos como mais
confiável do que o PMDB.
A primeira medida de Serra foi
rifar a promessa de apoio ao PFL
para presidir a Câmara e fazer um
acordo de divisão das duas Casas
do Congresso com o PMDB a partir de 2001. Serra, à época ministro
da Saúde, apoiou o então líder do
PSDB na Câmara, Aécio Neves,
para presidente da Casa em troca
do apoio a um peemedebista para
comandar o Senado. Se Tasso era
o que podia trazer o PFL para
uma aliança, Serra traria o PMDB.
Apoio presidencial
FHC foi fundamental para compensar o forte apoio de Covas a
Tasso. O presidente colocou fichas na candidatura Serra, espalhando que ele era o seu preferido.
Após derrotar o PFL na disputa
congressual, PMDB e PSDB continuaram se afinando. Nessa altura, o crescimento da pré-candidatura da então governadora do
Maranhão, Roseana Sarney
(PFL), ajudou Serra. Ao subir nas
pesquisas, Roseana minava a
chance de Tasso atrair o PFL, o
que fortaleceu Serra.
Em 13 de janeiro deste ano, cinco dias antes de Serra assumir publicamente a pré-candidatura,
veio o convite que simbolizaria a
união prioritária com o PMDB.
Tomando café num domingo
na casa de Temer, vizinho de Serra no bairro paulistano do Alto de
Pinheiros, o tucano ofereceu a vaga de vice ao partido e fez uma
confidência. Disse não vislumbrar mais chance de acordo com o
PFL, cuja pré-candidata viria a
abandonar a disputa em abril.
Ficou combinado que os peemedebistas sepultariam a candidatura própria e que Serra trabalharia para que FHC e os tucanos
aceitassem trocar de vez o PFL pelo PMDB como parceiro preferencial do PSDB. É esse acordo
que será oficializado na pré-convenção de 15 de junho dos dois
partidos.
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