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CASO SANTO ANDRÉ
Assessor da Polícia Federal em São Paulo afirma que proprietários dos telefones eram desconhecidos
PF diz que não sabia que grampeava o PT
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O assessor de imprensa da superintendência paulista da Polícia
Federal, delegado Gilberto Tadeu
Vieira Cezar, disse ontem que a
PF pediu a interceptação telefônica do prefeito de Santo André,
João Avamileno, e de pessoas ligadas à administração petista na cidade sem saber a quem pertenciam os telefones interceptados.
Segundo ele, os pedidos de interceptação telefônica foram baseados em informações fornecidas "por alguém que ligou anonimamente" para a PF e falou os
números dos telefones. "Nós tínhamos os números dos telefones; não tínhamos quem eram os
donos dos telefones."
A PF também divulgou uma nota em que afirma que é "isenta de
posicionamentos políticos,
atuando tecnicamente, não incriminando ou isentando quem
quer que seja em razão de suas
posições políticas".
Questionado sobre se basta
uma denúncia anônima para o
Judiciário autorizar a interceptação telefônica de pessoas sem antecedentes criminais, Gilberto Tadeu afirmou: "Isso foi submetido
ao Judiciário e o juiz aceitou; acho
que o crime justificava isso".
Ele afirmou que a PF não checou quem eram os donos das linhas informadas pela denúncia
anônima e disse que "a urgência
do caso justificava o pedido [de
interceptação telefônica"".
O delegado disse que o pedido
foi feito pela Delegacia de Prevenção e Repressão a Entorpecentes
porque havia a suspeita de que
uma "quadrilha de narcotraficantes teria sido contratada para executar o sequestro" do prefeito
Celso Daniel, sequestrado em 18
de janeiro e encontrado morto
dois dias depois.
Ele admitiu indiretamente que a
PF omitiu do juiz-corregedor do
Departamento de Inquéritos Policias de São Paulo, Maurício Lemos Porto Alves, a informação de
que o inquérito no qual foi autorizada a interceptação de secretários municipais de Santo André
apurava a morte de Celso Daniel.
"Foi um problema de formatação
do ofício [enviado ao juiz"."
Os ofícios apresentados ao juiz
pediram autorização judicial para
a interceptação telefônica do prefeito João Avamileno e de pelo
menos mais cinco pessoas ligadas
à administração petista sem sequer fazer referência a Santo André, como se se tratasse de uma
investigação corriqueira sobre o
narcotráfico. O delegado disse
que as investigações "não deixaram de ser sobre isso [tráfico de
drogas"" e que "o juiz não reclamou de nada até agora".
Os pedidos de interceptação telefônica que a PF entregou ao Judiciário dizem que "segundo análise das informações e relatórios
de operações oriundos de nossas
congêneres e outros órgãos de
combate ao narcotráfico, os referidos terminais telefônicos estariam sendo utilizados sistematicamente como meio de contato
na articulação de organização criminosa atuando junto ao tráfico
de drogas".
O delegado afirmou que não há
contradição entre o pedido e suas
declarações de que os números
surgiram de denúncias anônimas
porque "a denúncia anônima gera relatórios". Sobre a expressão
"nossas congêneres", negou que
fosse referência à Abin (Agência
Brasileira de Inteligência).
Em nota, a Ajufe (Associação
dos Juízes Federais do Brasil) disse considerar "preocupante" a
acusação do PT de que a PF teria
feito uso político de quebra de sigilo telefônico. O ministro da Justiça, Miguel Reale Jr., disse que os
esclarecimentos sobre o caso já tinham sido dados pela Superintendência da PF em São Paulo.
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