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REFORMAS
Oposição cobrará caro para apoiar as propostas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de se declarar genericamente favorável às reformas previdenciária e tributária, a oposição e os partidos que gravitam na
órbita do Planalto, como PMDB e
PP (ex-PPB), pretendem vender
caro a aprovação das propostas
que o governo promete enviar na
quarta ao Congresso.
O PFL, por exemplo, condiciona a aprovação: só vota se não
houver aumento da carga tributária e se o PT assumir plenamente
as propostas. É discurso para
agradar à classe média e acertar
contas com um governo que que
se elegeu combatendo as mesmas
propostas. A tendência do PSDB é
seguir na mesma direção.
Ajuste de contas eleitoral para
tucanos e pefelistas, a votação das
reformas pode se transformar numa questão de sobrevivência para
PMDB e PP. Fora do governo,
ambos correm o risco de perder
quadros para legendas concorrentes aliadas ao governo, sobretudo o PTB.
Nos planos do PMDB está fazer
valer o peso dos votos de seus 71
deputados e 21 senadores em ministérios. São votos que podem
faltar para o governo. Mas o Palácio do Planalto até agora só ofereceu para os peemedebistas cargos
longe das chaves do cofre e sem
nenhum atrativo político, como
diretorias de recursos humanos.
"O PMDB não pode ser a concubina", dizia na semana passada
o líder no Senado, Renan Calheiros (AL), depois de suspender
temporariamente as negociações
com o governo. Calheiros aposta
que a falta de maioria para aprovar as reformas levará o Planalto a
cair nos braços da sigla.
O governo ganha tempo, enquanto espera a poeira baixar.
Nomeações de aliados declarados
como os senadores Hélio Costa
(MG), José Maranhão (PB), Waldir Raupp (RO) e Amir Lando
(RO) esperam sobre a mesa do
ministro-chefe José Dirceu (Casa
Civil) o momento certo para ser
efetivadas. É toma-lá-dá-cá.
Com menos musculatura, o PP
deve se contentar com cargos do
terceiro escalão para os quais o
PMDB torce o nariz. Mas, a exemplo de PFL, PSDB e dos peemedebistas também anuncia reuniões
para debater as reformas.
A agenda de contenciosos passa
também pelos governadores.
Muito embora todos tenham se
comprometido a defender as propostas do governo, a maioria se
articula para trocar o apoio por
mais verbas para os Estados.
O governador tucano Aécio Neves saiu na frente ao arrancar uma
promessa de que Minas não será
prejudicada por conta de verbas
que recebeu e que a agora a União
cobra. Promessa. Os governadores concordaram em abrir mão de
legislar sobre o ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias), mas querem algo em troca.
Para Geraldo Alckmin (SP) é
fundamental a reforma da Previdência, especialmente a contribuição dos inativos: o déficit
anual com a previdência pública
de SP é de cerca de R$ 8 bilhões.
Outros, como Cassio Cunha Lima (PB), querem parte da arrecadação da Cide (imposto do combustível) e da CPMF - se ela vier
a se tornar permanente, como
acreditam e esperam, a partir do
próximo ano.
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