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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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Sindicatos usarão publicidade contra a reforma de Lula

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os principais sindicatos de servidores públicos do país pretendem utilizar os meios de comunicação na tentativa de combater a proposta de reforma da Previdência do governo federal.
Agrupadas na CNESF (Coordenação Nacional de Entidades de Servidores Federais), 11 entidades representativas da categoria decidiram constituir um fundo para custear a compra de espaço publicitário na TV, jornais e revistas.
A iniciativa já está sendo posta em prática desde o dia 9 de abril em Brasília. Por R$ 60 mil mensais, o Sindilegis (Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e Tribunal de Contas da União) adquiriu, até o final do ano, um minuto de propaganda por semana durante o Jornal Nacional, exibido pela Rede Globo.
Nos spots, o Sindilegis exibe mensagens em que explica a importância do trabalho do servidor público para a sociedade.
"Queremos mostrar que não somos nós os inimigos, os causadores de tudo o que está aí", afirma o presidente do Sindilegis, Ezequiel Nascimento.
"E a idéia é que, a partir do nosso exemplo, outras entidades efetivamente comprometidas comecem a fazer o mesmo [na TV]. Porque os instrumentos de que dispomos para chegar à sociedade têm de ser os mesmos que o governo está usando", declara ele.
Sob o slogan "Reformas: o povo quer, o Brasil precisa", desde quarta-feira o governo federal tem veiculado uma séria de propagandas em que defende a necessidade das alterações.
Ainda não existe, entretanto, uma definição de como a cobrança será feita ou dos valores que serão recolhidos pelo grupo.
Como instrumentos de pressão contra pontos da reforma considerados "inaceitáveis" pela categoria -como a tributação de inativos e a criação de fundos de pensão complementar-, os servidores também não descartam a realização de greves por tempo indeterminado ou de paralisações com 48 horas de duração.
Segundo Gilberto Jorge, secretário-geral da Condsef (Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais), o "indicativo" de greve será votado na plenária nacional da categoria nos dias 9 e 10 de maio. "Não temos nenhuma sinalização do governo. Existe um impasse e, se não apontarem modificações...", diz ele, também integrante da CNESF, sobre a possibilidade de greves nacionais.
Na quarta-feira, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levará sua proposta de reforma ao Congresso, o Sindicato dos Servidores Públicos Federais do DF espera entregar ao petista um documento criticando os aspectos da reforma que considera contrários aos interesses da categoria.
Entre os principais pontos de confronto, o sindicato cita a tributação de inativos, o fim da aposentadoria integral, o estabelecimento de um teto, o aumento da idade mínima e a criação de fundos de pensão complementar.
Ainda estão previstas caravanas de servidores até Brasília durante todo o período de tramitação da reforma. Já para os dias 12, 13, 14, o Condsef planeja organizar caravanas a partir de vários Estados.
A expectativa é que cerca de 2.000 pessoas estejam no Distrito Federal nesses dias e que participem de acampamentos na Esplanada dos Ministérios. Com isso, as lideranças da confederação esperam conseguir sua primeira audiência com Lula. A partir daí, o próximo passo da mobilização deverá ser um corpo-a-corpo com parlamentares. "A base do governo sempre esteve ao nosso lado. Mas também queremos os outros [da oposição]. Nessa hora não há diferença", afirma Gomes.


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