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Sindicatos usarão
publicidade contra
a reforma de Lula
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os principais sindicatos de servidores públicos do país pretendem utilizar os meios de comunicação na tentativa de combater a
proposta de reforma da Previdência do governo federal.
Agrupadas na CNESF (Coordenação Nacional de Entidades de
Servidores Federais), 11 entidades
representativas da categoria decidiram constituir um fundo para
custear a compra de espaço publicitário na TV, jornais e revistas.
A iniciativa já está sendo posta
em prática desde o dia 9 de abril
em Brasília. Por R$ 60 mil mensais, o Sindilegis (Sindicato dos
Servidores do Poder Legislativo
Federal e Tribunal de Contas da
União) adquiriu, até o final do
ano, um minuto de propaganda
por semana durante o Jornal Nacional, exibido pela Rede Globo.
Nos spots, o Sindilegis exibe
mensagens em que explica a importância do trabalho do servidor
público para a sociedade.
"Queremos mostrar que não
somos nós os inimigos, os causadores de tudo o que está aí", afirma o presidente do Sindilegis,
Ezequiel Nascimento.
"E a idéia é que, a partir do nosso exemplo, outras entidades efetivamente comprometidas comecem a fazer o mesmo [na TV].
Porque os instrumentos de que
dispomos para chegar à sociedade têm de ser os mesmos que o
governo está usando", declara ele.
Sob o slogan "Reformas: o povo
quer, o Brasil precisa", desde
quarta-feira o governo federal
tem veiculado uma séria de propagandas em que defende a necessidade das alterações.
Ainda não existe, entretanto,
uma definição de como a cobrança será feita ou dos valores que serão recolhidos pelo grupo.
Como instrumentos de pressão
contra pontos da reforma considerados "inaceitáveis" pela categoria -como a tributação de inativos e a criação de fundos de pensão complementar-, os servidores também não descartam a realização de greves por tempo indeterminado ou de paralisações
com 48 horas de duração.
Segundo Gilberto Jorge, secretário-geral da Condsef (Confederação Nacional dos Servidores
Públicos Federais), o "indicativo"
de greve será votado na plenária
nacional da categoria nos dias 9 e
10 de maio. "Não temos nenhuma
sinalização do governo. Existe um
impasse e, se não apontarem modificações...", diz ele, também integrante da CNESF, sobre a possibilidade de greves nacionais.
Na quarta-feira, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levará sua proposta de reforma ao
Congresso, o Sindicato dos Servidores Públicos Federais do DF espera entregar ao petista um documento criticando os aspectos da
reforma que considera contrários
aos interesses da categoria.
Entre os principais pontos de
confronto, o sindicato cita a tributação de inativos, o fim da aposentadoria integral, o estabelecimento de um teto, o aumento da
idade mínima e a criação de fundos de pensão complementar.
Ainda estão previstas caravanas
de servidores até Brasília durante
todo o período de tramitação da
reforma. Já para os dias 12, 13, 14,
o Condsef planeja organizar caravanas a partir de vários Estados.
A expectativa é que cerca de
2.000 pessoas estejam no Distrito
Federal nesses dias e que participem de acampamentos na Esplanada dos Ministérios. Com isso,
as lideranças da confederação esperam conseguir sua primeira audiência com Lula. A partir daí, o
próximo passo da mobilização
deverá ser um corpo-a-corpo
com parlamentares. "A base do
governo sempre esteve ao nosso
lado. Mas também queremos os
outros [da oposição]. Nessa hora
não há diferença", afirma Gomes.
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