|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Só quem quer fica sem emprego em Chapadão"
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CHAPADÃO DO SUL
O que mais chama a atenção de
um visitante na cidade de Chapadão do Sul (331 km de Campo
Grande) são as construções de casas e a oferta de trabalho para os
pedreiros. Eles chegam a ganhar
entre R$ 800 e R$ 1.000 por mês.
No Estado, a média salarial desses
profissionais é de R$ 425.
Há construções sendo feitas
também no pólo industrial da cidade, de 16 mil habitantes. O empresário Elton Luiz Parzianello,
38, constrói o escritório para a indústria de beneficiamento de
grãos em funcionamento nos fundos do terreno.
Parzianello, que nos últimos
dois meses enviou a São Paulo 600
toneladas de sementes de girassol
para alimentação de passarinhos,
contratou o pedreiro Eliezer Oliveira de Souza, 26.
"Eu vim para cá pela quantidade de serviço. Aqui só fica desempregado quem quer", afirmou
Souza, que morava em outra cidade distante cem quilômetros.
Sem emprego nas fazendas onde por 15 anos lidava com gado,
Aguimar Pereira da Silva, 47,
montou uma espécie de construtora informal.
Silva relata que, primeiro, compra um terreno a R$ 7.000, emprega cinco pedreiros, constrói uma
casa e depois vende o imóvel quase pronto a R$ 25 mil. Ele diz ter
feito seis empreendimentos desse
tipo em um ano e meio.
A população da cidade cresce
10% ao ano, segundo o prefeito
João Carlos Krug (PSDB), 42. São
pessoas em busca de emprego e
novas oportunidades, diz.
"Sou de Martinópolis [SP]. Nós
viemos para cá montar uma empresa em razão da agricultura.
Onde tem agricultura tem trabalho", disse o empresário Paulo
Sérgio Bittencourt, 31, dono da
Concresul, que fabrica concreto e
argamassa. Há um ano e meio,
Bittencourt montou a empresa no
pólo industrial da cidade. Recebeu o terreno de graça da prefeitura. Ele emprega 12 pessoas.
Antes de chegar à cidade, a monocultura da soja tinha cedido espaço para as lavouras de algodão,
milho, sorgo, girassol e, mais recentemente, amendoim.
O cultivo do algodão ocupa 12
mil hectares no município, requer
alta tecnologia tanto no plantio
como na colheita e emprega 3.600
pessoas, considerando a estimativa do gerente de produção Alfredo Aparecido dos Santos, 31.
Com a rentabilidade na produção de algodão (R$ 3.300 de ganho por hectare), o comércio da
cidade passou a vender mais para
agricultores e empregados. Só no
setor de materiais de construção,
existem dez lojas na cidade.
A maioria das pessoas ouvidas
pela Agência Folha reclamou do
alto custo de vida na cidade, principalmente do aluguel, que consome mais de 30% dos salários.
Texto Anterior: Concórdia prospera à sombra de frigorífico Próximo Texto: Toritama oferece emprego informal Índice
|