|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Toritama oferece emprego informal
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TORITAMA (PE)
As casas fechadas e o silêncio
nas ruas durante o dia mostram
que Toritama é uma cidade diferente no agreste pernambucano,
região marcada pela seca e pela
fome. Ali, janelas fechadas e ruas
desertas não são sinônimos de
migração. Significam que os moradores estão trabalhando.
Com 21.800 habitantes, Toritama tornou-se um dos maiores pólos de confecção de jeans do Brasil. O município, localizado a 160
km de Recife, produz 60 milhões
de peças por ano, o equivalente a
14% da produção nacional, informa o gerente-executivo do projeto de desenvolvimento do pólo de
confecções do agreste pernambucano, Mário César Lins, 46.
Segundo ele, há na cidade 2.196
indústrias, quase todas dedicadas
à produção de jeans. Desse total,
cerca de 2.000 trabalham na informalidade, sendo 89% delas administradas por gestão familiar.
Livres do labirinto burocrático e
fiscal, as fábricas, segundo Lins,
empregam 20 mil pessoas -92%
da população do município.
A "febre do jeans" atingiu até
mesmo a zona rural, outro pólo
do trabalho informal. Dos 21.800
habitantes do município, restaram apenas 1.673 pessoas no campo. E, mesmo entre os que ficaram, muitos trocaram a enxada
pela máquina de costura.
É o caso de Diniz Pereira da Silva, 50. O ex-lavrador trabalha há
um ano e meio em uma indústria.
Recebe R$ 400 por mês, o dobro
do que ganhava nas fazendas. Sua
filha Maria de Fátima, 22, é dona,
com o marido, Pedro Agostinho
Neto, 23, de uma pequena fábrica
montada em um dos cômodos de
sua casa, no sítio São João.
Devido à informalidade, a arrecadação do ISS (Imposto sobre
Serviços) no município representa apenas 10% do potencial.
O faturamento estimado das indústrias têxteis é de R$ 453 milhões por ano, valor quase 95 vezes maior do que a receita total do
município no mesmo período.
Com isso, a prefeitura, administrada pelo PFL, enfrenta dificuldades para manter sua infra-estrutura. Em cinco anos, por
exemplo, o lixo recolhido em Toritama passou de 10 para 50 toneladas por dia. Parte dos servidores
ainda recebe R$ 126 por mês.
Texto Anterior: "Só quem quer fica sem emprego em Chapadão" Próximo Texto: EUA liberalizam leis trabalhistas ainda mais Índice
|