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Primeiro desafio do PT seria acomodar legião de 'aliados'
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos primeiros desafios de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na
hipótese de confirmada sua eleição, será encaixar integrantes de
seu partido, de legendas aliadas e
representantes da sociedade civil
em um primeiro escalão que não
deverá ter mais de 25 vagas.
"É uma conta que não fecha",
admite um integrante do comando petista que prefere o anonimato. "Lula vai ter de exercitar ao
máximo sua capacidade de suportar pressões", diz.
A única certeza é que o núcleo
político de um governo Lula seria
composto por petistas das alas
moderadas, com o núcleo econômico ficando a cargo de pessoas
de fora do partido.
Em uma difícil equação, Lula
precisaria ainda encontrar lugar
no governo para aliados de primeiro hora, como o PL e o PC do
B, além de contemplar as alas "esquerdas" do PT.
Partidos que apoiaram o petista
no segundo turno, como PSB,
PPS, PDT e PTB, também teriam
seu quinhão. E, em nome da governabilidade -leia-se uma
maioria no Congresso-, peemedebistas, pefelistas e até tucanos
poderiam compor o governo.
O PL é um dos que já se movimentam. Quando fechou o acordo que deu a Lula o senador José
Alencar (MG) como candidato a
vice, o partido recebeu o aceno de
que teria dois ministérios. Consciente da dificuldade de Lula em
acomodar todos, o partido já receia que ficaria com no máximo
uma pasta.
"A verdade é que a realização do
segundo turno foi muito ruim para os objetivos do PL. Precisamos
reforçar nossa condição de aliados preferenciais", diz um cacique do partido.
A solução seria acomodar o partido no segundo escalão, principalmente em estatais. Dentro do
PL, há uma predileção por diretorias de empresas como Petrobras,
Furnas, BR Distribuidora e Correios.
Também aliado de primeira hora, o PC do B quer um ministério.
Fala-se na pasta dos Esportes para
o deputado Aldo Rebelo (SP).
Quanto à "esquerda" do partido, espera uma única pasta, mas é
possível que nem isso consiga.
São nomes citados frequentemente dessa ala como possíveis
integrantes do eventual governo o
deputado federal Walter Pinheiro
(BA) e o ex-deputado Plínio de
Arruda Sampaio.
Caciques com poder
Apesar de os presidenciáveis
derrotados no primeiro turno Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB) provavelmente não
entrarem pessoalmente no hipotético ministério de Lula, seus
partidos deverão ser contemplados. Fala-se em ceder ao menos
uma pasta a eles, mas certamente
fora do núcleo principal da administração.
Situação diferente viveria o
PMDB. Mesmo tendo estado formalmente coligado a José Serra
(PSDB), o partido teve vários de
seus quadros apoiando Lula desde o primeiro turno.
Pelo seu tamanho e capilaridade
nos Estados, o partido discretamente já reivindica dois ministérios de peso num eventual governo. Um para a ala oposicionista e
outro para os que se aliaram ao
atual governo.
Outra característica de um
eventual governo de Lula seria a
influência de caciques regionais
que apoiaram o petista.
Em especial, teriam voz ativa os
ex-presidentes Itamar Franco e
José Sarney, que, apesar das farpas trocadas com Lula no passado, foram aceitos pela campanha
porque, avaliou o PT, emprestariam respeitabilidade ao petista.
Sarney, possível presidente do
Senado em um mandato do petista, seria uma figura ouvida na nomeação de vários postos. Na reestruturação da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento
do Nordeste), por exemplo, deverá ter influência.
Segundo dizem integrantes da
coordenação de Lula, influência
ainda maior de Sarney junto ao
governo ocorreria na interlocução com os militares, com os
quais tem bom trânsito. Sua opinião deverá ser levada em conta
na hora de definir o titular da Defesa.
(FÁBIO ZANINI E PLÍNIO FRAGA)
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