|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ÚLTIMO DIA
No Rio, candidato não dá esmola a garoto de 13 anos e diz que só fala de governo após eleição
Lula afirma que vai procurar Serra
PATRICIA ZORZAN
FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL
VERÔNICA MARIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Depois de ter afirmado, no debate de anteontem na Rede Globo, que não poderia pedir a cada
eleitor seu para buscar mais um
voto, pois nesse caso ultrapassaria os "100% dos votos", o candidato do PT à Presidência, Luiz
Inácio Lula da Silva, recobrou
ontem um tom mais moderado
e se recusou a falar sobre a transição para seu eventual governo.
"Eleição é eleição. Então acho
importante a gente ter cautela.
Estou otimista. Acredito que
vou ganhar. Mas qualquer coisa
em relação ao governo, a transição, só depois do processo eleitoral", afirmou o presidenciável.
Pouco depois, entretanto, disse que pretende passar para a
história do país como o presidente que mais dialogou com
empresários, sindicalistas e com
todas as forças políticas. "Vamos
fazer um governo sem preconceito, ouvindo todos, porque é
assim que tem que ser."
O candidato petista, que chegou a São Paulo ontem às 11h30,
voltou a dizer que pretende procurar seu adversário José Serra
(PSDB), caso seja eleito: "Passei
a campanha inteira dizendo que
eu era amigo do Ciro, do Garotinho e do Serra. Acabou o embate
eleitoral, voltamos a ser amigos
outra vez e vou conversar com
todo mundo", declarou.
Em sua chegada a São Paulo, o
petista foi recebido com festa no
aeroporto. Aos gritos de "Viva"
e de "Lula", foi recepcionado
com aplausos por um grupo de
20 pessoas no saguão de Congonhas. Tirou fotos com crianças e
pegou no colo um garoto que
carregava a bandeira do PT.
Aniversário
Do aeroporto, o carro que conduzia Lula seguiu em velocidade
acima do permitido (130 km/h
contra o limite de 110 km/ h) para São Bernardo do Campo, onde o candidato passou o dia.
À tarde, o PT de São Bernardo
organizou uma festa de aniversário em frente ao prédio em que
mora Lula. O petista completa
hoje 57 anos.
Após uma caminhada com
cerca de 500 militantes, um carro de som foi colocado no local.
Militantes falaram ao público. O
candidato desceu com a mulher,
Marisa, mas, apesar dos pedidos, não discursou, dizendo estar proibido pela Lei Eleitoral.
O presidente do PT local, José
Albino de Melo, presenteou o
petista com um bolo decorado
com um desenho do candidato
ainda como metalúrgico. Também deu a ele uma placa, com
uma frase dita por Lula na greve
dos metalúrgicos do ABC de
1980: "Que ninguém jamais ouse
duvidar da capacidade de luta da
classe trabalhadora".
O deputado federal eleito Vicentinho puxou um "Parabéns a
você". Com os olhos marejados,
Lula agradeceu com apenas uma
frase: "Ninguém pode me proibir de falar "Obrigado'".
Em seguida, recebeu camisetas, bonés a até roupas infantis
para autografar. A motorista desempregada Ivanilda Rabelo, 39,
jogou a camiseta que vestia e cobriu o sutiã com uma bandeira
do PT. "Há 20 anos torço por esse partido. Faço isso por esperança". Como a camiseta não foi
devolvida, ela teve de usar a de
um colega para sair do local.
Rio
Em sua última passagem pelo
Rio antes da eleição, Lula foi
muito assediado e disse que o
melhor presente que pode ganhar de aniversário é "o voto de
milhões de brasileiros". "Vou
aguardar o resultado, mas estou
otimista e ao mesmo tempo aliviado com o final da campanha,
pois foi muito puxada e dura."
Hospedado no hotel Glória
(zona sul do Rio), Lula foi cercado, no saguão do prédio, por
cerca de 30 hóspedes, que tiraram fotos a seu lado.
O presidenciável não quis
adiantar nomes de sua equipe e
disse que o anúncio também não
será feito hoje, caso seja eleito.
Na chegada ao aeroporto, Lula
foi abordado por um garoto de
rua, Paulinho Souza Silva, 13,
que lhe pediu R$ 30 para comprar feijão, arroz e um botijão de
gás, mas não foi atendido. Com
pressa, o presidenciável encaminhou o menino a um assessor,
que também não o atendeu.
O presidenciável deve votar
hoje às 10h, em São Bernardo.
Depois pretende almoçar com
representantes dos partidos políticos estrangeiros e de organizações não-governamentais que
vieram ao Brasil para acompanhar a eleição.
Texto Anterior: Primeiro desafio do PT seria acomodar legião de 'aliados' Próximo Texto: Transição: "2003 será ano de crise", afirma Dirceu Índice
|