|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ALIANÇAS
Mão Santa e Ernandes Amorim abrem palanques a petista
Apoio a Lula envolve até político cassado pelo TSE
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Acossado pelo crescimento de
Ciro Gomes (PPS), o candidato
do PT à Presidência, Luiz Inácio
Lula da Silva, voltará sua campanha, até o início do horário eleitoral, para usar a força de caciques
regionais que o apóiam formal ou
informalmente.
Entre essas lideranças estão nomes polêmicos como o do ex-governador do Piauí Francisco de
Assis de Moraes Souza (PMDB), o
Mão Santa, e do ex-senador por
Roraima Ernandes Amorim
(PRTB), ambos cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral sob acusação de abuso do poder econômico. Amorim já foi acusado de
envolvimento com o narcotráfico
em investigações parlamentares.
Lula tem obtido palanques estaduais de parte do PMDB, do PSB,
do PDT, do PTB e até mesmo do
PSDB -como no caso do candidato ao governo do Maranhão,
Roberto Rocha, e de dissidentes
no Acre- e do PPB -o prefeito
de Itaipava (MA), Luiz Gonzaga.
Além de Orestes Quércia em
São Paulo, a contabilidade petista
revela nomes como os de Newton
Cardoso (PMDB), candidato ao
governo de Minas, e Paes de Andrade (PMDB-CE), a quem Lula
chamou repetidas vezes de "companheiro" durante visita a Fortaleza. "Não vou pedir atestado
ideológico de voto. Quero o voto
de todos aqueles que quiserem
me apoiar", justifica Lula.
Ida a Sarney
Anteontem, a coordenação da
campanha do petista reuniu-se
para avaliar o cenário depois da
ascensão de Ciro Gomes, que chega a ultrapassá-lo com sete pontos
de vantagem no segundo turno,
segundo levantamento do Ibope
feito de 21 a 23 de julho.
Os petistas começaram a preparar uma viagem de Lula ao Maranhão, onde deve ter encontros
públicos com o ex-presidente José
Sarney (PMDB-AP), que sinalizaria, se não seu voto no petista, ao
menos simpatia em relação a seu
nome. A mesma estratégia deve se
repetir no Paraná, com o senador
Roberto Requião (PMDB).
A tentativa petista é aproveitar
defecções da candidatura governista de José Serra (PSDB) para
mostrar Lula como um candidato
de apoio político amplo, que vai
da esquerda ao centro, em uma
definição bastante flexível que, na
realidade, inclui nomes identificados com a direita.
Palanques
O Núcleo de Análise Eleitoral do
PT concluiu na semana passada a
atualização do mapeamento das
forças que apóiam Lula formal e
informalmente (veja quadro nesta página).
No documento, os petistas deram pesos aos apoios dos candidatos a presidente Estado a Estado. Mediram a força do palanque
de cada um, somando, por exemplo, os votos obtidos na eleição
passada por cada político ou seu
grupo, com a potencialidade de
uso da máquina administrativa
pelo governo estadual em favor de
um candidato e dimensionaram a
quantidade de votos da região na
eleição presidencial.
A partir daí, traçaram um mapa
que mostra quem tem melhores
condições de campanha em cada
Estado (veja resumo no quadro).
O tucano José Serra aparece com
mais força por reunir mais governadores e partidos regionalmente
fortes em torno de si. Ciro, que tinha no apoio regional uma de
suas fragilidades, já aparece bastante articulado e em fase de ampliação de sua base.
Segundo turno
Para o PT, a situação não é das
mais confortáveis. Nos três principais colégios eleitorais, pode enfrentar uma situação difícil.
Se, no segundo turno, o adversário de Lula for Ciro Gomes na
disputa pela Presidência e Paulo
Maluf (PPB) e Geraldo Alckmin
(PSDB) estiverem na disputa em
São Paulo, o petista pode ser levado a ficar neutro no principal colégio eleitoral, o que poderia lhe
causar perda de votos, ou estimular uma dobradinha com o pepebista já que o atual governador
poderia ser levado para o lado do
candidato do PPS por Tasso Jereissati ou familiares de Mário
Covas, morto em março de 2001.
A esperança petista para evitar
tal impasse é o crescimento da
candidatura de José Genoino, já
que a performance aquém do esperado de Serra pode, em tese,
puxar a intenção de voto em Alckmin, que polariza hoje a disputa
com Maluf.
No Rio, o crescimento de Jorge
Roberto Silveira (PDT), que apóia
Ciro, pode tirar a governadora
Benedita da Silva (PT) na disputa
com a líder das pesquisas até aqui,
Rosinha Garotinho (PSB).
No segundo turno, Silveira estaria fechado com Ciro, o que obrigaria o PT a caminhar com Rosinha. O PT nacional não vê problema nessa aliança, que é rejeitada
pela maioria do PT fluminense, o
que poderia levar a nova intervenção e a grande crise na legenda.
A avaliação no PT é que os próximos 15 dias serão cruciais e na
prática podem definir que serão
os dois candidatos que irão ao segundo turno.
Definição
A tese é que o debate do próximo domingo e seus reflexos nas
pesquisas eleitorais vão definir o
patamar que cada candidato entrará no horário eleitoral gratuito,
a partir de 20 de agosto.
Se dois nomes se mantiverem
isolados no início da campanha
da TV, como hoje começa a se desenhar, a avaliação é que conseguiriam defender seu patrimônio
de voto com os programas, impedindo os demais adversários de
crescer. Nesse contexto, haveria
chances reais de a disputa se definir até no primeiro turno.
A TV teria importância maior,
no caso de fragmentação da disputa com três ou quatro candidatos disputando as duas vagas com
percentuais próximos. Nesse caso, o pleito se aproximaria mais
da linha de 1989 do que de 1994 e
1998, definidos antes mesmo do
horário eleitoral.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Visual "light" expõe petista, diz estudo Índice
|