São Paulo, domingo, 28 de julho de 2002

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Empresário não deve à Receita

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pesquisa cadastral na internet confirma que o contribuinte Orestes Quércia e suas empresas estão quites com o "leão" da Receita Federal.
Ao longo de sua carreira política, o ex-governador foi alvo de várias investigações sobre o seu patrimônio.
"Sou, de longe, o político mais investigado da história do Brasil", dizia Quércia, em 1994, no auge das suspeitas sobre a origem de sua fortuna pessoal.
Em 1977, no governo do general Ernesto Geisel (1974-79), Quércia teve seus bens bloqueados em inquérito militar instaurado para apurar o seu enriquecimento.
Uma CGI (Comissão Geral de Investigações) examinou as declarações de Imposto de Renda de Quércia, de 1964 a 1973, por suspeita de sonegação e enriquecimento ilícito no exercício de cargos públicos.

Depoimento
Em depoimento à Justiça, em 1994, o presidente Geisel disse ter informações de que Quércia, quando exercia o mandato de senador (1975-82), negociou com o governo militar para não ser cassado sob a acusação de sonegação e enriquecimento ilícito. Quércia negou o fato, depois.
O general da reserva Luiz Sellmann, vice-presidente da CGI, afirmou, em juízo, que o rendimento declarado por Quércia era insuficiente para justificar o crescimento de seu patrimônio.
"Nós calculamos um imposto sobre a renda que não foi declarada e ele pagou sem reclamar", disse o general à Folha, em 1994.

Multa
O jornal informou que no ano anterior as empresas de Quércia haviam sido multadas em US$ 1 milhão pela Receita Federal, por erros de cálculos nos balanços e não por sonegação.
Na ocasião, também havia sido investigada -e multada- a Rio Construtora, de José Nunes Lopes, o "Zé Português", sócio de Quércia entre 1980 e 1988.
Em 1977, então senador pelo MDB de São Paulo, Quércia submeteu suas declarações do Imposto de Renda a uma empresa de auditoria (a Revisora Nacional Auditores Independentes), que considerou seus rendimentos compatíveis com seu patrimônio.

Explicação
Em janeiro de 1994, Orestes Quércia compareceu à direção nacional do PMDB para novamente explicar a origem de seu patrimônio.
Ele encomendara à Trevisan Auditores e Consultores uma revisão das declarações de renda (apenas pessoa física), entre 1966 e 1992.
A Trevisan atestou que as obrigações haviam sido cumpridas e que os rendimentos declarados eram compatíveis com o acréscimo patrimonial.
O relatório foi distribuído pela assessoria de Quércia e divulgado como se houvesse sido realizada uma ampla auditoria dos negócios do empresário. (FV)



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