São Paulo, domingo, 30 de maio de 2004 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TODA MÍDIA Várias frentes
NELSON DE SÁ
Para quem busca conspiração, também corre o mundo um pequeno fenômeno chamado "A Death in Brazil", uma morte no Brasil, de Peter Robb. Depois de uma resenha de elogios no "New York Times", ontem foi o londrino "Guardian" que incensou o livro, que não traz apenas uma morte (o título fala do assassinato de PC Farias), mas dezenas, em "massacres, genocídios, canibalismo" etc. De todo modo, não se trata só de morte, diz o "Guardian", que descreve o livro como um dos melhores retratos do Brasil já escritos. "Ele capta o espírito e os paradoxos do país de um modo como poucos escritores conseguiram", cobrindo da guerra de Canudos à "república de Zumbi", sublinhando também sexo e comida -estes últimos, por sinal, descritos com "fantástica erudição" e citações de Gilberto Freyre. "Infantilidade" Do Jornal Nacional, inclusive com manchete, à CBN, ao jornal "O Globo" e à revista "Época": as Globos todas destacaram que um "ex-diretor de Programas Estratégicos do Ministério da Saúde na gestão do ex-ministro José Serra" é agora o mais novo "suspeito de envolvimento com a máfia do sangue". A "Época" traz frases dele, de telefonema gravado: - Hoje tá tendo licitação, simplesmente eles montaram a licitação de insulina no Brasil... Que infantilidade um troço desses. Vai dar m... Liberdade Mas notícia mesmo, destaque desde anteontem nas Globos, é que um juiz de Brasília libertou 11 dos "suspeitos" do caso. Jobim Nelson Jobim, presidente do Supremo, falou a Alexandre Garcia na Globo News. Pediu "uma grande discussão sobre a Justiça" e defendeu o conselho do Judiciário, negando a expressão "controle externo". Falou de política. Sobre as pressões contra a carga tributária das empresas, por exemplo, disse com ironia que "querem reduzir a receita (da União), mas não a despesa". E emendou: - Uma curiosidade: quando se discute carga tributária nunca se discute o sistema S. Ceticismo O aviso de um possível ataque terrorista, feito espalhafatosamente pelo governo de George W. Bush, chegou perto de ser ridicularizado pela mídia americana. Levantamento do "Washington Post" mostrou que, da CNN à CBS, do "New York Times" ao "Los Angeles Times", foi geral o "ceticismo" e a desconfiança de que era só para mudar de assunto. BC dependente O site "American Banker" fez longa reportagem e o "Washington Post" repercutiu, durante a semana, a informação de que o presidente do banco central americano, Alan Greenspan, "visita a Casa Branca e altos funcionários" do governo Bush bem mais do que fazia no governo anterior. Kenneth Thomas, da Universidade da Pensilvânia, que conseguiu os dados recorrendo à Lei de Liberdade de Informação, comentou em sua análise: - Parece que Greenspan pode ser afetado não apenas pelos ventos econômicos, mas também pelos ventos políticos. Espanha e a fome No jornal "El País", a submanchete dizia ontem que o primeiro-ministro espanhol, José Luis Zapatero, no encontro no México, expressou a Lula sua "disposição de enviar tropas ao Haiti". E aceitou o convite para tomar parte de um "encontro da fome" a ser realizado no Brasil. Texto Anterior: Brasil profundo: Greve da PF prejudicou as investigações, diz Trabalho Próximo Texto: Terra sem dono: Estados vão à Justiça para mudar demarcação de divisas Índice |
|