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PERFIL
Alencar tem 51 anos de vida empresarial
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Em dezembro de 2000, quando comemorou com 2.300 convidados os seus 50 anos de vida
empresarial, em uma grande
festa no Palácio das Artes, em
Belo Horizonte, com muita comida e bebida e políticos da situação e da oposição ao governo
FHC, o empresário José Alencar, 70, começou a defender a
"alternância do poder" no país.
Desde então, vem usando essa
expressão repetidas vezes, a
ponto de fazer Luiz Inácio Lula
da Silva incorporá-la nas suas
falas aos empresários brasileiros, mas sempre citando aquele
que a defende com vigor.
Mas não é apenas essa a razão
de um empresário dono de um
império têxtil com ativos de R$
1,4 bilhão -o Grupo Coteminas, com 11 unidades e 16 mil
funcionários- ter abraçado
um político da esquerda brasileira, Lula, por achar que ele representa essa alternância.
Apesar da brutal diferença de
posição econômico-social entre
ele e Lula, facilmente constatada
nos arquivos da Receita Federal,
Alencar associa a história do petista à sua origem humilde, de
família pobre em Muriaé, no interior de Minas Gerais, que saiu
de casa ainda menino para trabalhar e dormir no corredor de
uma pensão, deixando para trás
os pais e mais 14 irmãos.
Essa origem ele estende também, de maneira geral, aos petistas "O PT tem excelentes quadros. São moços e moças simples, mas estudiosos e preocupados com as questões sociais.
Tenho muita afinidade com
eles. Eu saí de casa para trabalhar aos 14 anos praticamente
descalço. As minhas empresas
são fortes, mas eu sou a mesma
pessoa", disse ele à Folha. Por
isso, ele diz que essa alternância
seria "mais legítima" com Lula,
apesar de afirmar que não é de
esquerda, mas de "centro".
Alencar começou de fato na
política em 1994, quando deixou
a presidência da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de
Minas Gerais) e entrou para o
PMDB para disputar e perder o
governo de Minas. Quatro anos
depois, Alencar foi eleito senador pelo PMDB-MG, partido
que deixou no ano passado após
perder a disputa pelo comando
interno para Newton Cardoso.
Ingressou no PL, já com a perspectiva de ser vice de Lula.
Em 1997, ele descobriu dois
tumores malignos no rim direito e no estômago, ainda incipientes, e foi operado. Desde então, nunca teve mais problemas
decorrentes desse câncer.
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