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Desmate na Amazônia subiu 64% em um ano, avalia Inpe
Números indicam que o abate de árvores voltou a crescer; taxa oficial sai em outubro
Entre agosto de 2007 e julho de 2008, satélites captaram 8.138 km2 de desmate contra 4.974 km2, segundo sistema Deter, que é menos preciso
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Terminado o período de apuração da taxa anual de desmatamento da Amazônia, o Inpe
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou aumento de 64% no abate de árvores, segundo o Deter, sistema
que detecta o avanço das motosserras sobre a floresta em
tempo real. Os números divulgados ontem reforçam o prognóstico de que o desmatamento voltou a crescer depois de
três anos seguidos de queda.
Entre agosto de 2007 e julho
de 2008, os satélites do Inpe
captaram 8.138 quilômetros
quadrados de desmatamento
contra 4.974 quilômetros quadrados registrados no mesmo
período do ano anterior, segundo o sistema Deter, menos preciso do que o sistema Prodes,
que produz a taxa oficial de desmatamento. A área de abate
medida pelo Deter supera cinco vezes a cidade de São Paulo.
Os números oficiais do desmatamento deverão ser divulgados em outubro, segundo o
diretor-geral do Inpe, Gilberto
Câmara. A expectativa é que a
taxa anual supere os 11,2 mil
quilômetros quadrados medidos no ano passado. "Acho que
vai haver aumento, mas não será tão grande como imaginávamos no início do ano", observou Câmara, atribuindo o resultado dos últimos meses às
medidas de repressão adotadas
pelo governo, como o corte de
crédito para produtores rurais
que desmataram ilegalmente.
Quando as medidas foram divulgadas, a meta do governo era
evitar o aumento da taxa anual.
A taxa oficial dependerá muito do volume de pequenos desmatamentos, inferiores a um
quilômetro quadrado. Essas
áreas dificilmente são captadas
pelo Deter, que detecta áreas
maiores de corte raso e degradação da floresta. Mais rápido e
menos preciso, esse sistema
funciona mais como alerta para
mobilizar a fiscalização do que
para medir o desmatamento.
No ano passado, o Deter deixou
de captar metade da área desmatada, mas é possível que essa
proporção não se repita.
Segundo o ministro Carlos
Minc (Meio Ambiente), a taxa
anual deverá ficar próxima de
12 mil quilômetros quadrados.
Embora o ritmo de abate de árvores tenha caído, em julho,
68% em relação ao mesmo mês
do ano passado, o ministro não
viu motivos para comemorar.
"O ritmo da fiscalização e da
repressão é mais rápido que o
ritmo de criar empregos sustentáveis", alegou.
Os números do Deter de julho foram os menores na série
histórica desde março, quando
a Amazônia estava mais coberta por nuvens e mais fechada à
observação dos satélites do Inpe. No mês passado, o instituto
captou 323,9 quilômetros quadrados de corte raso e áreas de
degradação da floresta.
De acordo com os registros
acumulados no ano, o Mato
Grosso foi o Estado que mais
devastou. A área de floresta atacada supera duas vezes e meia o
segundo colocado: o Pará. Em
terceiro lugar no ranking, aparece Rondônia. No ano passado, o Pará havia assumido a liderança desse ranking.
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